TJPI - 0808079-10.2022.8.18.0026
1ª instância - 2ª Vara de Campo Maior
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Passivo
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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07/07/2025 13:58
Recebidos os autos
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07/07/2025 13:58
Juntada de Petição de certidão de distribuição anterior
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09/06/2025 00:00
Intimação
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ ÓRGÃO JULGADOR : 3ª Câmara Especializada Cível APELAÇÃO CÍVEL (198) No 0808079-10.2022.8.18.0026 APELANTE: LUIS JOSE DE OLIVEIRA Advogado(s) do reclamante: AYSLAN RHONEY RIBEIRO DA CRUZ, THIAGO GOMES CARDOSO, ALEXSANDRO DE SOUSA PINTO APELADO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A Advogado(s) do reclamado: WILSON SALES BELCHIOR REGISTRADO(A) CIVILMENTE COMO WILSON SALES BELCHIOR RELATOR(A): Desembargador RICARDO GENTIL EULÁLIO DANTAS EMENTA EMENTA APELAÇÃO CÍVEL.
CONSUMIDOR.
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO.
NEGLIGÊNCIA DA CASA BANCÁRIA.
NULIDADE DO CONTRATO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
DANO MORAL.
RECURSO PROVIDO EM PARTE.
I.
CASO EM EXAME 1.
Apelação contra sentença que julgou improcedente a ação de repetição de indébito cumulada com indenização por danos morais e tutela de urgência.
II.
QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2.
A questão principal em discussão: (i) saber se o contrato de empréstimo consignado firmado pelo apelado é nulo, de modo que os descontos indevidos em seu benefício previdenciário ensejem a devolução em dobro dos valores, bem como a reparação por danos morais.
III.
RAZÕES DE DECIDIR 3.
O contrato de empréstimo consignado é considerado nulo devido à ausência de comprovação da transferência dos valores (TED ou DOC).
Tal situação atrai a incidência da Súmula nº 18, TJPI. 4.
A devolução dos valores descontados indevidamente deve ocorrer em dobro, conforme o art. 42 do CDC, acrescida de juros e correção monetária.
A indenização por danos morais é devida pelo sofrimento causado pela redução indevida da remuneração do apelante, destacando-se a hipossuficiência e a situação de vulnerabilidade do idoso.
IV.
DISPOSITIVO 5.
Recurso conhecido e provido em parte. __________ Dispositivos relevantes citados: Código de Defesa do Consumidor, arts. 4º, 39, IV, 42.
RELATÓRIO APELAÇÃO CÍVEL (198) -0808079-10.2022.8.18.0026 APELANTE: LUIS JOSE DE OLIVEIRA Advogados do(a) APELANTE: ALEXSANDRO DE SOUSA PINTO - PI17941-A, AYSLAN RHONEY RIBEIRO DA CRUZ - PI20097-A, THIAGO GOMES CARDOSO - PI18192-A APELADO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A Advogado do(a) APELADO: WILSON SALES BELCHIOR - PI9016-A RELATOR(A): Desembargador RICARDO GENTIL EULÁLIO DANTAS I – RELATÓRIO O SENHOR DESEMBARGADOR RICARDO GENTIL EULÁLIO DANTAS (Relator): Trata-se da interposição de RECURSO DE APELAÇÃO por Luis José de Oliveira requerendo a reforma da sentença do Juízo da 2ª VARA DA COMARCA DE CAMPO MAIOR - PI que julgou improcedentes os pedidos formulados na AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE LIMINAR proposta em face de BANCO BRADESCO S.A.
Sentença: Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido feito na inicial e julgo extinto o processo, com resolução do mérito, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil.
Apelação: o apelante pretende a reforma da sentença, a fim de que seja julgada improcedente a demanda.
Para tal alega, em síntese, que: os pedidos autorais foram julgados improcedentes, sob o fundamento de que o requerido/recorrido se desincumbiu do ônus de comprovar a regularidade do contrato; contudo, além de o banco demandado não haver juntado o suposto contrato que diz ser legal, não apresentou o respectivo comprovante de transferência de valores (TED/DOC) em favor do(a) autor(a)/recorrente; referida exigência é necessária tendo em vista a natureza real e translativa do contrato de mútuo feneratício, não bastando o simples acerto de vontades (arts. 586 e 587, do CC); sem o recebimento do valor, só se pode falar em promessa de mutuar, contrato preliminar, que não se confunde com o próprio mútuo; aplica-se, ao caso, a Súmula nº 18, do TJPI; razão pela qual a declaração de nulidade/inexistência do contrato de nº 0123377597851 é a medida a ser imposta, com as reparações devidas.
Requer o provimento do recurso.
Contrarrazões: a parte recorrida apresentou peça defensiva requerendo o desprovimento do recurso, com a consequente manutenção da sentença em todos os seus termos.
Parecer: sem parecer de mérito, ante a ausência de interesse público que justifique a atuação do Ministério Público. É a síntese do necessário.
Em cumprimento ao art. 931, do CPC/15, restituo os autos, com relatório, ao tempo em que solicito dia para julgamento na sessão virtual, nos termos do Regimento Interno, art. 203-A.
Teresina (PI), data registrada no sistema.
Desembargador RICARDO GENTIL EULÁLIO DANTAS Relator VOTO VOTO O EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RICARDO GENTIL EULÁLIO DANTAS (RELATOR): I.
DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO De início, conheço da apelação, em razão do integral cumprimento dos seus requisitos de admissibilidade.
II.
DO MÉRITO RECURSAL A priori, cumpre pôr em relevo que à situação em apreço aplica-se o Código de Defesa do Consumidor.
Com efeito, os partícipes da relação processual têm suas situações amoldadas às definições jurídicas de consumidor e fornecedor, previstas, respectivamente, nos artigos 2º e 3º do CDC.
Ressalte-se, neste passo, que a aplicação do CDC às instituições financeiras reflete-se na Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça.
Como consequência, incidem normas específicas, atributivas de matiz diferenciada às normas de direito comum.
Com efeito, especificamente no ambiente contratual, derroga-se a ideia da existência de uma abstrata paridade de forças entre pactuantes que acreditadamente autodirigem suas vontades e passa-se a considerar as subjetividades dos contratantes, especificidades e desigualdades.
Trata-se de disciplina especial que é toda sedimentada no reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor em face do fornecedor, e que encontra eco nos arts. 4º I, e 39, IV, ambos do CDC.
Ademais, não se pode perder de vista que a vulnerabilidade, inerente ao regime jurídico consumerista, encontra-se potencializada nestes autos, eis que o consumidor apelante é pessoa idosa, enquadrando-se assim, no conceito doutrinário de hipervulnerabilidade.
Devidamente reconhecidas as premissas da incidência das normas de proteção do consumidor, da vulnerabilidade como fundamento de sua aplicação, da hipervulnerabilidade do consumidor idoso, impende observar que cabia ao banco apelante a demonstração de que, de fato, foi firmado entre as partes negócio jurídico revestido de regularidade.
Entretanto, de tal ônus não se desincumbiu.
Porquanto, o banco apelante não trouxe documento de transferência da operação (TED ou DOC), de modo que tal situação atrai a incidência da Súmula nº 18 do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Esclareça-se que o documento de LOG colacionado na contestação se refere ao contrato nº 000434971806, firmado em 24/05/2021, no valor de R$ 8.835,22 (oito mil oitocentos e trinta e cinco reais e vinte e dois centavos), parcela de R$ 226,11 (duzentos e vinte e seis reais e onze centavos).
Enquanto, o negócio jurídico impugnado é o contrato nº 0123377597851, com valor de R$ 3.864,81 (três mil e oitocentos e sessenta e quatro reais e oitenta e um centavos), prestação de R$ 159,80 (cento e cinquenta e nove reais e oitenta centavos), firmado em agosto de 2019.
Dessa forma, não consta nos autos qualquer prova acerca da disponibilização dos valores em favor da parte autora-apelante.
Caracterizada a nulidade do contrato de empréstimo consignado, conclui-se que os descontos no benefício previdenciário da parte autora foram realizados à míngua de lastro jurídico, impondo-lhe uma arbitrária redução, fato gerador de angústia e sofrimento, mormente por se tratar de aposentada que percebe parca remuneração, absolutamente não condizente, como é cediço, com o mínimo necessário para uma existência digna.
Acrescente-se que a impotência do parco valor do benefício previdenciário é exponencializada em relação aos idosos, notadamente em face do surgimento, com o avançar da idade, de novas necessidades atinentes a sua integridade física e psíquica.
Diante do exposto, resta inequívoco que os descontos perpetrados na remuneração da recorrida caracterizaram ofensa à sua integridade moral, extrapolando, em muito, a esfera do mero dissabor inerente às agruras do cotidiano, e acabando por torná-la cativa de uma situação de verdadeira incerteza quanto a sua própria subsistência.
Destaque-se a desnecessidade de prova da ocorrência da dor moral, porquanto tratar-se de dano in re ipsa, sendo, pois, suficiente, a comprovação da ocorrência do seu fato gerador, qual seja, o ato dissonante do ordenamento jurídico materializado nos descontos indevidos.
Sobre a responsabilidade do banco apelado, o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor claramente estatui, nos termos que seguem, tratar-se de responsabilidade objetiva: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
Demonstrada a ilegitimidade dos descontos no benefício previdenciário da parte requerente, decotes oriundos da conduta negligente do banco apelante, que autorizou a realização dos descontos mesmo sem fundamento em contrato válido, e considerando ainda a inexistência de engano justificável para tal atuação, cabível é a restituição em dobro, restando evidente a má-fé do recorrente (art. 42, parágrafo único, do CDC).
Tenho, assim, que, no caso dos autos, estão presentes todos os elementos configuradores da responsabilidade objetiva do fornecedor, não tendo sido comprovado qualquer fato capaz de afastar o nexo de causalidade e, por conseguinte, o dever de reparar os danos morais ocasionados à parte apelada.
Dentro desse contexto, o dano moral, que advém do comportamento indevido do banco Apelante, impõe o arbitramento de valor indenizatório justo e adequado ao caso, sendo a quantia R$ 3.000,00 (três mil reais), apropriada à espécie, em observância aos princípios da razoabilidade e da vedação ao enriquecimento sem causa, pelo que é de rigor a reforma da sentença guerreada.
III.
DA DECISÃO Diante do exposto, voto pelo conhecimento e provimento da presente apelação, para reformar a sentença recorrida, a fim de: a) DECLARAR A NULIDADE DO CONTRATO de empréstimo consignado; b) Condenar o banco apelado na RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO, quanto aos valores descontados do benefício previdenciário do apelante, os quais deverão ser acrescidos de juros legais pela taxa Selic, deduzido o IPCA (art. 406 c/c art. 389, parágrafo único, do CC), contados a partir da citação (art. 405 do CC); com correção monetária, pelo IPCA (art. 389, parágrafo único, do CC), contada da data do efetivo prejuízo, ou seja, da data de cada desconto indevidamente efetuado (Súmula 43 do STJ); c) Condenar o banco apelado a pagar INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), o qual deverá ser acrescido de juros legais pela taxa Selic, deduzido o IPCA (art. 406 c/c art. 389, parágrafo único, do CC), contados da data da citação (art. 405 do CC); com correção monetária, pelo IPCA (art. 389, parágrafo único, do CC), contada a partir do arbitramento (Súmula 362 do STJ).
Ademais, inverto ônus da sucumbência e condeno o banco apelado a pagar as despesas recursais fixados estes em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. É como voto.
Teresina, data registrada no sistema.
Desembargador RICARDO GENTIL EULÁLIO DANTAS Relator Teresina, 04/06/2025 -
30/04/2024 09:37
Remetidos os Autos (em grau de recurso) para à Instância Superior
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30/04/2024 09:36
Expedição de Certidão.
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29/04/2024 09:59
Juntada de Petição de petição
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26/04/2024 12:43
Expedição de Certidão.
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19/04/2024 05:05
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO em 17/04/2024 23:59.
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16/04/2024 19:14
Juntada de Petição de petição
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16/04/2024 11:30
Juntada de Petição de petição
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15/04/2024 10:12
Expedição de Outros documentos.
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15/04/2024 10:12
Ato ordinatório praticado
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15/04/2024 10:11
Expedição de Outros documentos.
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15/04/2024 10:11
Expedição de Certidão.
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15/04/2024 10:05
Juntada de Petição de apelação
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22/03/2024 22:25
Expedição de Outros documentos.
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22/03/2024 22:25
Julgado improcedente o pedido
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16/01/2024 16:41
Juntada de Petição de manifestação
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10/01/2024 10:34
Conclusos para despacho
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10/01/2024 10:34
Expedição de Certidão.
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12/12/2023 03:32
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO em 11/12/2023 23:59.
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23/11/2023 10:15
Juntada de Petição de manifestação
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15/11/2023 10:46
Expedição de Outros documentos.
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15/11/2023 10:46
Decisão de Saneamento e de Organização do Processo
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24/08/2023 16:22
Juntada de Petição de petição
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23/08/2023 08:38
Conclusos para julgamento
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23/08/2023 08:38
Expedição de Certidão.
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31/07/2023 13:46
Expedição de Certidão.
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17/06/2023 15:53
Juntada de Petição de manifestação
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14/06/2023 12:25
Ato ordinatório praticado
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14/06/2023 12:23
Ato ordinatório praticado
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14/06/2023 12:15
Expedição de Outros documentos.
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14/06/2023 12:15
Expedição de Certidão.
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13/05/2023 00:24
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO em 12/05/2023 23:59.
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12/05/2023 14:07
Juntada de Petição de petição
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04/05/2023 15:32
Juntada de Petição de manifestação
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18/04/2023 19:48
Expedição de Outros documentos.
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18/04/2023 19:48
Proferido despacho de mero expediente
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27/01/2023 00:22
Decorrido prazo de LUIS JOSE DE OLIVEIRA em 26/01/2023 23:59.
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12/01/2023 11:11
Conclusos para despacho
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12/01/2023 11:10
Expedição de Certidão.
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14/12/2022 17:53
Juntada de Petição de petição
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06/12/2022 10:09
Expedição de Outros documentos.
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06/12/2022 10:09
Ato ordinatório praticado
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06/12/2022 10:08
Expedição de Carta rogatória.
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30/11/2022 15:00
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
30/11/2022
Ultima Atualização
09/06/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Detalhes
Documentos
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