TJRN - 0820136-87.2020.8.20.5001
1ª instância - 21ª Vara Civel da Comarca de Natal
Polo Ativo
Assistente Desinteressado Amicus Curiae
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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25/10/2023 10:16
Arquivado Definitivamente
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25/10/2023 10:14
Transitado em Julgado em 04/10/2023
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05/10/2023 05:46
Decorrido prazo de FELIPPE DE QUEIROZ BESSA BANDEIRA LEITE em 04/10/2023 23:59.
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05/10/2023 05:46
Decorrido prazo de FELIPPE DE QUEIROZ BESSA BANDEIRA LEITE em 04/10/2023 23:59.
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29/09/2023 05:55
Decorrido prazo de ANTONIO MARTINS TEIXEIRA JUNIOR em 28/09/2023 23:59.
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24/08/2023 12:12
Publicado Intimação em 24/08/2023.
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24/08/2023 12:12
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 23/08/2023
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23/08/2023 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 21ª Vara Cível da Comarca de Natal Rua Doutor Lauro Pinto 315, NATAL - RN - CEP: 59064-972 Processo nº: 0820136-87.2020.8.20.5001 Parte Autora: CAIO NILSON GURGEL ALVES Parte Ré: Porto Seguro Cia. de Seguros Gerais SENTENÇA Vistos, etc.
CAIO NILSON GURGEL ALVES ajuizou a presente Ação de Cobrança do Seguro Obrigatório - DPVAT em desfavor de PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS, ambos qualificados.
Assevera que, em decorrência de acidente de trânsito ocorrido no dia 22.02.2019, sofreu graves lesões em segmentos de seu corpo, conforme relatórios médicos anexos, resultando em debilidade permanente.
Asseriu que se submeteu a 30 sessões de fisioterapia, conforme recibo acostado aos autos.
Informa, outrossim, que requereu administrativamente a indenização securitária(sinistro nº 319052925), havendo recebido a importância de R$ 2.362,50(dois mil trezentos sessenta e dois reais e cinquenta centavos), a qual é inferior ao que faz jus.
Requer o benefício da justiça gratuita, a citação da parte ré, a realização de perícia, a procedência total do pedido para condenar a demandada ao pagamento da indenização securitária, de acordo com a tabela e pagamentos de indenizações decorrentes de acidentes automobilísticos, conforme as conclusões periciais, porém de no máximo R$ 11.137,50(onze mil cento trinta e sete reais e cinquenta centavos), bem ainda em custas e emolumentos judiciais, honorários advocatícios de sucumbência, estes últimos no patamar de 20%(vinte por cento), sobre o valor da condenação.
Juntou documentos.
Em decisório de ID 56752624, houve o recebimento da inicial, deferimento do pedido de gratuidade judiciária, ao tempo em que foi determinada a citação da parte ré e a intimação da parte autora para apresentar réplica.
Certidão de ID 75779897, atestatória da ausência de contestação.
Comando judicial de ID 75836319 decretou a revelia da ré, deferiu produção da prova técnica, determinou a intimação do autor para fornecer endereço eletrônico/contato telefônico, inclusive whatsapp, próprio e do causídico, fixou os honorários periciais, todavia, acerca das duas últimas determinações, as partes, autora e ré, quedaram-se inertes, conforme se infere da certidão exarada no ID 78378624.
Por ato judicial de ID 78379881, foi determinada intimação pessoal da ré, para juntar aos autos o comprovante de depósito dos honorários periciais, sob pena de bloqueio on-line.
Momento posterior, a parte ré apresentou contestação, conforme ressai do ID 79101160, acompanhada de documentos, dentre os quais, íntegra do procedimento administrativo(ID 79101166, págs. 1/91), informando, inicialmente, que a parte autora procedeu com o registro do boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia somente na data de 23.05.2019, bem ainda que, após a devida análise da documentação apresentada à Seguradora, o médico perito avaliou como incompleta e parcial a lesão acometida pela vítima, o que descaracteriza o pleito de indenização integral por seguro obrigatório DPVAT.
Arguiu, preliminarmente, a tempestividade da contestação, sob alegativa de que fora apresentada em consonância com a regra prevista no art. 218, § 4º do CPC/2015, pelo que requereu o recebimento da peça, desinteresse na realização de audiência preliminar de conciliação, ante a necessidade de realização de prova pericial.
Em fase conclusiva, assere a ilegitimidade passiva e necessidade de substituição do polo passivo com a inclusão da Seguradora Líder.
No mérito, dentre outros, asseverou que a parte autora não se desincumbiu do ônus de demonstrar o fato constitutivo de seu direito, não logrou em provar os fatos reportados na exordial, vez que não trouxe aos autos documento imprescindível para quantificar o grau da invalidez permanente, no caso o laudo do IML.
Afirmou, outrossim, que o valor recebido administrativamente pelo demandante está adequado ao caso e que a parte autora aceitou de pleno acordo o valor que lhe foi pago, dando quitação, razão pela qual requer a improcedência do pleito autoral.
Ressalta, ainda, ser evidente que inexiste qualquer direito de indenização integral a parte autora, devendo em caso de eventual condenação ser respeitada a proporcionalidade do grau de invalidez.
Requereu, alfim, o depoimento pessoal do autor com o fito de elucidar aspectos que contribuam com a veracidade dos fatos alegados na inicial, bem ainda a realização de perícia.
Em caso de condenação, requer seja aplicada a tabela de quantificação da extensão da invalidez, exposta na lei 11.945/2009, bem como o que preconiza a Súmula 474 do STJ, e que os juros moratórios sejam aplicados a partir da citação e a correção monetária computada a partir do ajuizamento da ação.
Acorrendo à determinação pretérita(ID 78379881), por meio da peça de ID 79729177, a demandada comprovou o depósito dos honorários periciais(ID 79730229).
Aprazado o exame médico para 25.08.2022, todavia, em que pese regularmente intimadas as partes(ID’s 85546725, 86073981/86073983), o exame pericial não se concretizou em razão da ausência do autor, conforme explicita a comunicação acostada no ID 87573165.
Intimada a dar prosseguimento ao feito(ID 88647016), através da petição de ID 91524455 a parte autora informou o contato telefônico para fins de intimação, sobre o que, em que pese intimada a demandada, por seu patrono(ID 92501307), permaneceu inerte(certidão de ID 93032753).
Posteriormente, a ré lançou aos autos a petição de ID 93532099, donde requer a improcedência do pleito autoral, face a preclusão da prova técnica.
Decisório de ID 93851715 determinou renovação do cumprimento do comando judicial pretérito(ID 75836319), e o reagendamento de nova data para realização de perícia.
Aprazada perícia para o dia 19.04.2023, intimadas as partes(ID’s 96075930 e 96269239/96269240), no dia e horário aprazados, o autor compareceu ao exame médico, conforme laudo pericial acostado no ID 99001586, págs. 1/3, sobre o que, voluntariamente, a demandada apresentou manifestação por meio da petição de ID 102369962, ocasião em que, colacionou novamente aos autos íntegra do procedimento administrativo(ID 102369967, págs. 1/91).
Intimada acerca do laudo pericial(ID 103043019), a parte autora pronunciou-se em petição de ID 104669980.
Através da certidão e documento de ID’s 105126546 e 105126550, a Secretaria desta unidade judiciária comprovou a liberação dos honorários periciais em favor do expert nomeado. É o relatório.
Passo a decidir.
II – FUNDAMENTAÇÃO II.1.
Da delimitação do pedido autoral Em tratando de indenização de DPVAT a pretensão material do autor é, em preciso contorno, o recebimento de verba indenizatória decorrente de danos advindos de acidente automobilístico; não sendo menos certo que o valor da indenização dependerá, impreterivelmente, de mensuração futura, jungida aos critérios e gradação legal, estabelecidos por ocasião da perícia judicial, quando se verifica a existência de danos permanentes e respectivo grau de debilidade, os quais servem de base de cálculo para definição do quantum debeatur.
Dessarte, neste peculiar cenário processual, não sendo possível ao autor quantificar, de plano, o valor da indenização a que faz jus, resta-lhe deduzir seu pleito indenizatório utilizando como parâmetro o limite legalmente estabelecido, atualmente no importe de R$ 13.500,00; salvo se houver recebido valores administrativamente, hipótese em que se adstringirá a pleitear, como valor máximo, a correspectiva complementação do antecitado teto indenizatório legal. À luz do lógico silogismo, percorrido o arco procedimental e acaso firmado o dever de indenizar, ter-se-á, em situação deste jaez, que a parte autora obtivera êxito no seu inaugural pleito indenizatório, consolidando, assim, a situação jurídica de vencedora na demanda judicial.
Neste lanço, calha à fiveleta o entendimento jurisprudencial firmado pelos Tribunais pátrios, ipsis litteris: "DPVAT.
JULGAMENTO ULTRA PETITA NÃO CONFIGURADO.
REEMBOLSO DE DESPESAS MÉDICAS E SUPLEMENTARES.
NEXO DE CAUSALIDADE COMPROVADO.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
VERBA HONORÁRIA.
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.
PREQUESTIONAMENTO.
HONORÁRIOS RECURSAIS APLICADOS. 1.
Tendo o juiz sentenciante decidido a lide nos limites propostos pela demandante, em conformidade com os princípios da adstrição, congruência ou correlação (CPC, artigos 141 e 492), não há que se falar em vício de julgamento ultra petita. 2.
No caso em apreço, é fato incontroverso que a autora/apelada sofreu acidente de trânsito em 01/06/15, motivo pelo qual faz jus ao reembolso de despesas médicas e suplementares comprovadamente suportadas em decorrência do sinistro.
Ademais, malgrado a parte apelante alegue a ausência de correlação entre comprovantes apresentados nos autos e o acidente sofrido pela autora, tal argumento não merece prosperar.
Isso porque, além da proximidade da data do acidente com as dos comprovantes anexados, percebe-se que os medicamentos e insumos comprados possuem correspondência com as receitas médicas e com as lesões sofridas pela requerente.
Desse modo, estando devidamente comprovadas as despesas médicas e suplementares despendidas pela vítima, o ressarcimento da quantia dentro do limite legal é medida impositiva, mormente porque as provas não foram desconstituídas pela seguradora. 3.
Com relação à condenação da apelante ao pagamento dos honorários sucumbenciais, cumpre esclarecer que muito embora o comando sentencial tenha sido de parcial procedência, constato que houve acolhimento por completo dos pedidos da apelada, já que a demandada foi compelida ao pagamento da indenização do seguro obrigatório DPVAT e ao ressarcimento das despesas com medicamentos.
Assim, apesar de o arbitramento do quantum indenizatório ter se dado em valor diverso daquele pleiteado inicialmente pela requerente, tal circunstância não implica parcial acolhimento dos pedidos autorais.
Logo, em observância ao princípio da causalidade e à regra da sucumbência, a seguradora ré deve ser condenada ao pagamento, por inteiro, do ônus sucumbenciais, incluídos aqui os honorários advocatícios, pois além de ter sido ela quem deu causa ao ajuizamento da ação, saiu vencida na demanda. 4.
Quanto ao prequestionamento buscado pela apelante, cumpre ressalvar que dentre as funções do Judiciário, não se encontra cumulada a de órgão consultivo, de modo que o julgador não está obrigado a decidir nos termos legais suscitados pelas partes, devendo, contudo, resolver as questões debatidas, fazendo uso da fundamentação que melhor lhe convir dentro da legalidade e da justiça. 5.
Em observância ao disposto no artigo 85, § 11º, do NCPC, majoro os honorários sucumbenciais para R$ 1.200,00(hum mil e duzentos reais).
RECURSO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO."(TJ-GO - Apelação Cível 05135227420178090051, Rel.
Des.
Maria das Graças Carneiro Requi, data de julgamento 05/09/2019, 1ª Câmara Cível, data da publicação: DJ de 05/09/2019). "DPVAT.
JULGAMENTO ULTRA PETITA.
NULIDADE PARCIAL DA SENTENÇA.
VALOR DA CAUSA.
DELIMITAÇÃO DO PEDIDO.
INOCORRÊNCIA.
O fato de ter a parte autora atribuído à demanda determinado valor não possui o condão de delimitar o montante da indenização pretendida, pois existem demandas em que o bem material pretendido pela parte não é aferível de imediato, sendo o parâmetro apresentado meramente estimativo."(TG-MG - Apelação Cível AC 100002044606790001, Relatora Des.
Cláudia Maia, data do julgamento 12/08/2020, data da publicação:14/08/2020) Noutro vértice, evidencia esta Julgadora que em sede de contestação arguiu a ré a tempestividade da predita peça, sob alegativa de que ofertada em consonância com a regra prevista no art. 218, § 4º do CPC/2015.
Todavia, conforme constatado, referida arguição não merece prosperar, a considerar que, apesar de regular e validamente citada(ID 73832954), a parte demandada deixou de apresentar em tempo hábil, a peça defensiva, conforme atesta a certidão exarada no ID 75779897, decretou-se-lhe a revelia, conforme se evidencia do comando judicial de ID 75836319.
Dessarte, patenteada a revelia da parte ré, deixo de apreciar as preliminares arguidas na extemporânea peça contestatória.
Em sintonia, a jurisprudência pátria: "CIVIL.
PROCESSO CIVIL.
DESPEJO.
ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA QUE DEIXA DE APRECIAR PRELIMINAR DE CONTESTAÇÃO INTEMPESTIVA.
REJEITADA.
INVOCAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
IMPOSSIBILIDADE. 1.
Não há nulidade a ser declarada em caso de não apreciação de preliminar arguida em contestação intempestiva.
Inexiste obrigatoriedade, inclusive, de manter tal peça processual com essa qualidade nos autos, podendo ser determinado o seu desentranhamento. 2.
São inaplicáveis as disposições do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de locação de imóvel entre particulares, uma vez se tratar de relação civil, submetida, portanto, ao regramento constante na Lei n. 8.245/91.3.
Recurso conhecido e desprovido.
Sentença mantida." (TJDFT - 20120110231500APC 5ª Turma Cível - Rel.
Sebastião Coelho - DJE 26/05/2014) Em que pese a decretação de revelia nos presentes autos, o seu reconhecimento, por si só, não implica veracidade absoluta dos fatos alegados, nem a procedência automática do pedido inicial, devendo o Julgador analisar as circunstâncias fáticas e os elementos probatórios que lhe são apresentados, formando livre e motivadamente a sua convicção.
Nessa linha de pensar, eis que no caso em comento enveredamos na fase instrutória, havendo se corporificado o arcabouço probatório que nos autos repousa.
II.2.
Do Mérito De chofre, constato que, vestibularmente, precisamente no 4º parágrafo do inciso II(Dos Fatos), a parte autora aduziu, ipsis litteris “Além disso devemos mencionar que o Autor se submeteu a 30(trinta) sessões de fisioterapia, na forma como se observa do recibo colacionado aos Autos, documento que guarda todos os requisitos legais de validade, devendo ser observada a restituição de tais valores ao Promovente.” Sobreleve-se, todavia, não constar dos autos quaisquer documentos comprobatórios relacionados à antedita alegação, tampouco pedidos autorais endereçados a tal desideratum, razão pela qual resta prejudicada sua análise para os preditos fins. “Iudex iudicare debet secundum allegata et probata partium": o juiz deve julgar conforme o que foi alegado e provado pelas partes.
Noutros termos, rezam, respectivamente, os arts. 141 e 434 do CPC, in verbis: "O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte." “Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações.” Dessume-se daí que a petição inicial e a contestação funcionam como marcadores para o ato sentencial, entrincheirando os limites da decisão de mérito.
Assim, há de ser observada exata correlação entre o petitum e a prestação jurisdicional.
Com efeito, consagrou legislador processual pátrio o princípio da correlação ou da congruência segundo o qual deve o juiz decidir a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe vedado proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado, sendo estes em seus precisos termos os dizeres do preceptivo normativo delineado no art. 492 do CPC.
Bosquejada tal questão, eis que no caso em disceptação, o pleito inicial da parte autora é de percebimento de indenização por invalidez permanente, com arrimo na Lei nº 6.194/74, que dispõe sobre Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não.
Em análise dos autos, extrai-se do laudo técnico a ocorrência de erro material no nome do autor, visto constar Caio Nilson Gurgel.
Todavia, em que pese a ausência de impugnação, observo que não há prejuízo para as partes, revelando o arcabouço probatório, especialmente o documento de identificação pessoal(CNH), vinculado à pág. 2 do ID 56708406, que o nome correto do demandante é Caio Nilson Gurgel Alves.
Em sua contestação, aduz inicialmente a ré que o autor alega na peça vestibular que foi vítima de acidente automobilístico, restando permanentemente inválida, contudo apenas procedeu com o registro do boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia na data de 23.05.2019, não merecendo prosperar a pretensão esposada na inicial, visto que sua argumentação afigura-se totalmente contrária à orientação jurisprudencial traçada pelo Superior Tribunal de Justiça, bem como preceitua a legislação vigente sobre o DPVAT.
Respeitante ao aludido boletim de ocorrência(ID 56708407, pág. 3), imperioso ressaltar que elaborado por autoridade competente e, como cediço, guarda presunção de veracidade, a qual apenas poderia ser elidida mediante apresentação de prova em sentido contrário, o que não ocorreu no caso concreto.
Neste trilhar, a jurisprudência prevalente: "APELAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO DPVAT - SENTENÇA PROCEDENTE EM PARTE - SUBLEVAÇÃO DA PROMOVIDA - PRELIMINAR - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - PROVOCAÇÃO DE QUALQUER SEGURADORA CONSORCIADA - POSSIBILIDADE - NÃO ACOLHIMENTO - MÉRITO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - DANO E NEXO CAUSAL DEMONSTRADOS - DEBILIDADE PERMANENTE CONFIGURADA - BOLETIM DE OCORRÊNCIA ELABORADO POR AUTORIDADE COMPETENTE - LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO - PROVAS SATISFATÓRIAS- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - CONDENAÇÃO DE AMBAS AS PARTES NA PROPORÇÃO DAS PERDAS E GANHOS - ART. 86 , DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA - PROVIMENTO PARCIAL DA APELAÇÃO - O Conselho Nacional de Seguros Privados outorga ao beneficiário do seguro, a faculdade de exigir a indenização da seguradora de sua preferência, pois todas estão autorizadas a operar no tocante ao DPVAT - O documento público emitido por autoridade competente goza de presunção juris tantum de veracidade, apenas refutada por provas consistentes em sentido contrário - Comprovado nos autos, a existência de nexo de causalidade entre a invalidez acometida ao autor e o acidente de trânsito, inexiste dúvida acerca do direito do promovente de perceber o valor relativo à indenização do seguro DPVAT - Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas, de acordo com o art. 86 , do Novo Código de Processo Civil)." (TJPB - Ap 0000275-28.2018.815.0000 - 4ª C.Cív. - Rel.
Des.
Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho - DJe 03.04.2018 - p. 15) Sobreleve-se que no vertente caso o boletim de ocorrência é roborado por documentos de atendimento médico, os quais indicam que os danos sofridos pela parte autora são decorrentes do alegado acidente automobilístico.
Quanto ao lapso temporal entre o sinistro e a expedição do boletim de ocorrência, este, por si só, não tem o condão de desconstituir o nexo de causalidade entre o dano e o acidente automobilístico, devendo ser considerado todo o arcabouço probatório existente nos autos.
Nesse trilhar, o entendimento da Corte Cidadã: "APELAÇÃO CÍVEL - SEGURO OBRIGATÓRIO - DPVAT - INDENIZAÇÃO POR INVALIDEZ PERMANENTE - COBRANÇA - ACIDENTE DE MOTOCICLETA - ATROFIA DE MUSCULATURA DA MÃO ESQUERDA - DIMINUIÇÃO DA FORÇA DA MÃO ESQUERDA EM RELAÇÃO À DIREITA - DEFICIÊNCIA DE FLEXÃO DO 1º DEDO DA MÃO ESQUERDA - MEMBRO PRATICAMENTE INVÁLIDO - EXTINÇÃO DO PROCESSO - IMPOSSIBILIDADE - NEXO CAUSAL EXISTENTE - INVALIDEZ PERMANENTE PARCIAL CARACTERIZADA - PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Ainda que considerável o lapso temporal entre o acidente e a lavratura do boletim de ocorrência simplificado, demonstrado pelo conjunto probatório que as lesões decorrem do acidente de trânsito em questão, verifica-se o nexo de causalidade para o pedido da cobrança do seguro obrigatório DPVAT. “Em caso de invalidez parcial, o pagamento do seguro DPVAT deve, por igual, observar a respectiva proporcionalidade.”(REsp 1119614/RS; 4ª T.; Rel.
Min.
Aldir Passarinho Junior; Julg. 04-08-2009; DJU 31-08-2009; in www.stj.jus.br) No mérito, assere a ré que a parte autora não se desincumbiu do ônus de demonstrar o fato constitutivo de seu direito, não logrando em provar os fatos reportados na exordial, vez que não trouxe aos autos documento imprescindível para quantificar o grau da invalidez permanente e comprovação de suas alegativas ou dos fatos que fundamentam seu pedido, reforçando, também, ausência de laudo pericial exarado pelo IML, pelo que requereu a improcedência do pleito autoral.
Sucede que o artigo 320 do Código de Processo Civil dispõe que a petição inicial será instruída com documentos indispensáveis à propositura da ação.
Como cediço, documentos indispensáveis, para os fins do art. 320 do CPC, são apenas aqueles sem os quais o pedido não pode ser apreciado meritoriamente, consubstanciando-se, em regra, em documentos públicos que comprovem o estado e capacidade das pessoas ou documentos que demonstrem sua regular representação processual.
Todavia, tais documentos não se confundem com aqueles destinados à prova dos fatos constitutivos do direito da parte autora (CPC, art. 373,I), cuja ausência não inviabiliza, de plano, o exame do mérito, repercutindo, entretanto, sobre as regras do ônus da prova e, de conseguinte, apto a comprometer a procedência do pedido autoral.
Outrossim, há de ser atentar para a nítida distinção entre os documentos exigidos à parte para pagamento do prêmio do seguro DPVAT na via administrativa daqueles essenciais à propositura da ação, vez que em sede de ação judicial existe a possibilidade da parte fazer prova do direito material pleiteado de forma ampla e sob o crivo do contraditório, garantindo, assim, igualdade processual e o devido processo legal.
Em elastério, incumbe destacar que o art. 5º, caput, da Lei nº 6.1974/74 não determina quais os documentos que devem ser apresentados quando do requerimento de indenização do seguro obrigatório DPVAT, prescrevendo apenas que “o pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência da culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado”.
Donde se conclui ser aceitável qualquer documento, desde que apto a prova do acidente e do correspectivo dano.
Fixadas tais premissas, eis que, não havendo que se perquirir do elemento culpa para o reconhecimento da obrigação de indenizar, resta verificar no caso concreto a configuração objetiva dos seguintes requisitos legais, quais sejam prova do acidente automobilístico, prova do dano (invalidez permanente) e nexo de causalidade entre o evento e a debilidade definitiva.
Quanto a ausência de documento imprescindível para quantificar o grau da invalidez permanente, consubstanciado no laudo de exame de corpo de delito, frise-se, neste particular, que referido documento não é imprescindível à propositura desta demanda, já que pode ser substituído por perícia judicial, prova técnica devidamente produzida nestes autos(ID 99001586, págs. 1/3), não havendo irregularidade a ser corrigida neste ponto.
Vejamos: "CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT).
INDENIZAÇÃO.
INÉPCIA DA INICIAL.
NÃO CONFIGURAÇÃO.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA E LAUDO DO IML.
AUSÊNCIA.
JUNTADA COM A INICIAL.
DESNECESSIDADE.
SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO MEIO DE PROVA ADMITIDO EM DIREITO.
POSSIBILIDADE.
I - A petição inicial preenche os requisitos estabelecidos no parágrafo único do art. 295 do CPC, não havendo se falar em inépcia.
II - O boletim de ocorrência e o laudo emitido pelo Instituto Médico Legal não são documentos essenciais para a propositura da ação objetivando o recebimento de indenização decorrente de evento coberto pelo seguro DPVAT, podendo ser substituído por outro meio de prova admitido em Direito, inclusive prova produzida no curso do processo. (…) IV - Negou-se provimento ao apelo da ré.
Deu-se parcial provimento ao recurso do autor."(TJDF, 20100111546057APC) "COBRANÇA.
SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT.
INVALIDEZ PERMANENTE.
CARÊNCIA DE AÇÃO.
INOCORRÊNCIA.
NECESSIDADE DE QUANTIFICAÇÃO DO GRAU E QUALIFICAÇÃO DA LESÃO.
INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA DA DATA DO PAGAMENTO ADMINISTRATIVO A MENOR. 1.
A realização do laudo pericial pelo Instituto Médico Legal - IML, previsto no art. 5º, § 5º, da Lei 6.194/74 é para recebimento do seguro DPVAT na esfera administrativa.
Na esfera judicial a investigação técnica deve ser estabelecida nos moldes do art. 420 e seguintes do CPC. 2.
Para a fixação do quantum indenizatório de seguro DPVAT, nos casos de invalidez permanente, é necessária a verificação do grau e tipo de invalidez da vítima. 3.
A correção monetária deve ter como termo inicial o recebimento do pagamento a menor.
APELAÇÃO PROVIDA." (TJ-PR 8400159 PR 840015- 9) Importante mencionar que, nos termos do art. 369 do CPC, “As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”.
Valendo agregar que, conforme dicção expressa do art. 371 do CPC, o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
Dessarte, o Juiz não está adstrito a um meio de prova, a não ser que haja legislação específica sobre o assunto prevendo tal restrição. À luz da via exegética desenvolvida, dessume-se que, existindo nos autos elementos concretos a comprovar o liame entre a invalidez permanente da parte autora e o acidente automobilístico, havendo a parte autora realizado perícia médica, torna-se desnecessária a apresentação de referido documento, de modo que tal alegativa, igual modo, não merece guarida.
Por seu turno, pugnou a parte ré pela improcedência do pleito autoral, sob a alegativa de que o valor recebido na esfera administrativa está adequado ao caso e que a parte autora aceitou de pleno acordo o valor que lhe foi pago, pelo que deu quitação.
Entretanto, tal arguição, também não merece acolhimento, isso porque o recibo de quitação outorgado pelo segurado na esfera administrativa restringe-se aos valores efetivamente pagos, não obstando a pretensão à complementação por via judicial.
Assim sendo, ainda que tenha sido dada quitação da dívida, pode o beneficiário exigir a diferença, sendo esse o entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça: "CIVIL E PROCESSUAL.
DPVAT.
ACIDENTE COM VÍTIMA FATAL.
TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL REALIZADA COM A SEGURADORA.
QUITAÇÃO.
COBRANÇA DE DIFERENÇA.
POSSIBILIDADE.
DEVER LEGAL.
VALOR ESTABELECIDO EX VI LEGIS.
NORMA COGENTE.
DANO MORAL.
DESCABIMENTO.
I.
Assentou a jurisprudência das Turmas componentes da 2ª Seção do STJ, que o acordo de recebimento parcial da indenização do seguro DPVAT por morte da vítima, não inibe a cobrança da diferença até o montante estabelecido em lei, por constituir norma cogente de proteção conferida pelo Estado.
II.
Dano moral indevido.
III.
Recurso especial conhecido e parcialmente provido."(REsp 619.324/RJ, Rel.
Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 24/05/2010) "CIVIL.
SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT).
VALOR QUANTIFICADO EM SALÁRIOS MÍNIMOS.
INDENIZAÇÃO LEGAL.
CRITÉRIO.
VALIDADE.
LEI N. 6.194/74.
RECIBO.
QUITAÇÃO.
SALDO REMANESCENTE. (...) II.
O recibo dado pelo beneficiário do seguro em relação à indenização paga a menor não o inibe de reivindicar, em juízo, a diferença em relação ao montante que lhe cabe de conformidade com a lei que rege a espécie.
III.
Recurso especial conhecido e provido."(REsp 296.675/SP, Rel.
Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 20/08/2002, DJ 23/09/2002, p. 367) Ressalta, ainda, a ré ser evidente que inexiste qualquer direito de indenização integral a parte autora, devendo em caso de eventual condenação ser respeitada a proporcionalidade do grau de invalidez nos termos da Lei nº 11.945/2009, que estabelece a necessidade de gradação da invalidez para aplicação proporcional da indenização devida pelo seguro DPVAT, de acordo com a tabela anexa ao predito dispositivo legal.
Respeitante ao aludido instrumento normativo, apresenta-se-nos relevante tecer breves considerações.
Em 2009, a Medida Provisória 451/2008, foi convertida na Lei 11.945/09, definindo que os sinistros ocorridos após 16.12.2008 serão avaliados sob os dispositivos e percentuais da tabela que passou a fazer parte da Lei nº 6.194/74, a qual divide as lesões em apenas 05 grupos de percentuais (10%, 25%, 50%, 70% e 100%), decorrentes de cada dano corporal e sua repercussão ao patrimônio físico da vítima, resultando, assim, em diferentes valores indenizatórios, proporcionalmente ao grau de dano suportado pelo acidentado.
Nesse sentido: "EMENTA: APELAÇÃO CIVIL – SEGURO DPVAT –INVALIDEZ PERMANENTE PARCIAL INCOMPLETA – CÁLCULO DA INDENIZAÇÃO – ACIDENTE OCORRIDO NA VIGÊNCIA DA LEI 11.945/09 – EXISTÊNCIA DE CRITÉRIOS LEGAIS PARA A GRADUAÇÃO – APLICAÇÃO DOS PERCENTUAIS GRADUATIVOS INSTITUÍDOS NA TABELA ANEXA À LEI E O GRAU DA LESÃO APURADO NA PERÍCIA – COMPLEMENTAÇÃO DEVIDA.
Tendo o acidente que vitimou o segurado ocorrido na vigência da Lei nº 11.945/09, devem ser aplicadas as regras nela previstas para o pagamento da indenização relativa ao seguro obrigatório, sobretudo a graduação em percentuais e conforme o tipo da lesão e o membro/órgão afetado, estabelecida na tabela anexa à lei.
Comprovado o grau das lesões sofridas, os segmentos afetados, bem como a insuficiência da indenização paga na via administrativa, possui o segurado o direito à complementação da indenização relativa ao seguro DPVAT. "(TJ-MG - AC. 100002104650001 MG, Relator: Arnaldo Maciel.
Data de Julgamento: 06/07/2011, Câmaras Cíveis/ 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 06/07/2021) À luz desta perspectiva, curial destacar que o sinistro objeto dos presentes autos ocorreu sob a égide da Lei nº 11.945/2009, portanto sendo as suas disposições aplicáveis ao vertente caso, sobretudo no que diz respeito ao cálculo do valor indenizatório de acordo com o percentual de lesões eventualmente sofridas, deduzindo-se, em caso de condenação, eventual valor pago administrativamente.
Em remate, vale consignar que a Lei 11.945/2009 não teve sua eficácia suspensa pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da ADIN nº 4350, encontrando-se, ipso facto, em pleno vigor e apta a produzir efeitos jurídicos o ordenamento pátrio.
Sobremais, importante destacar em que pese a demandante haver fundamentado os pedidos autorais, requerendo, “(…) Julgar a Demanda TOTALMENTE PROCEDENTE condenando a Ré a pagar ao Autor a indenização securitária, com base na tabela e pagamentos de indenizações decorrentes de acidentes automobilísticos, conforme conclusões periciais, porém, de no máximo R$ 11.137,50(onze mil cento trinta e sete reais e cinquenta centavos)-,(…)”, esta Julgadora atenta aos critérios estabelecidos em demandas de DPVAT, procedeu com a necessária adequação/delimitação do antecitado pedido, conforme demonstrado no item II.1. do presente ato sentencial.
Ponha-se em relevo que a delimitação do valor indenizatório não constitui negativa ao direito reparatório previsto no artigo 5º, X, da Carta Magna/1988, ao revés o faz efetivo, imantando-o, todavia, com o impostergável critério constitucional da proporcionalidade, o qual há sempre de ser observado tendo em vista as peculiaridades de cada caso.
Por fim, pugnou, a ré pelo depoimento pessoal da parte autora com o fito de elucidar aspectos que contribuam para veracidade dos fatos alegados na peça vestibular.
Entretanto, referido pedido, igual modo, melhor sorte não o acompanha, haja vista que todos os questionamentos formulados na peça contestatória estão comprovados nos autos, lastreados, por assim dizer, em vasto arcabouço probatório, notadamente a documentação apresentada por ocasião do ajuizamento da ação, havendo, inclusive, o autor se submetido, repise-se, à perícia médica.
Com relação à prova do acidente e ao nexo de causalidade, dúvidas não pairam.
Iniludivelmente, o cabedal probatório - notadamente boletim médico de atendimento de urgência, boletim de ocorrência, boletim médico de atendimento de urgência ortopédica, emitido pelo Hospital Municipal de Natal e boletim de atendimento manual, expedido pelo Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel(ID’s 56708407 - págs. 1/2, 3, 19/20 e 21/4), os quais se harmonizam aos demais documentos médicos acostados aos autos - revela que os ferimentos sofridos pela parte autora(trauma em antebraço esquerdo - fratura rádio esquerdo), são decorrentes do acidente automobilístico no qual se envolveu no dia 22.02.2019.
Agregue-se, ainda, que corroborando todas as provas vestibularmente colacionadas, merecer especial destaque a prova pericial, a qual perfectibilizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia, profissional de inquestionável experiência e conhecimento técnico.
Reitere-se, por oportuno, que a parte ré, com base na mesma documentação colacionada aos autos, por ocasião do procedimento administrativo, reconheceu o nexo de causalidade entre o acidente alegado e os danos resultantes, promovendo o pagamento do valor de R$ 2.362,50(dois mil trezentos sessenta e dois reais e cinquenta centavos), conforme comprovou nos autos.
Sendo assim, irrefutavelmente demonstrado o nexo de causalidade no caso sub examine.
Nesse sentido: "DIREITO PROCESSUAL - APELAÇÃO CÍVEL - SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT - POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO PROPORCIONAL AO DANO SOFRIDO - DEBILIDADE PERMANENTE AFERIDA EM PERÍCIA JUDICIAL - PERDA PARCIAL E INCOMPLETA - DEVER DE INDENIZAR DE ACORDO COM O GRAU DE INVALIDEZ - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 3º, INCISO II, § 1º, DA LEI Nº 6.194/74 (...) 6- No que pertine a alegativa de inexistência do nexo de causalidade entre o sinistro e lesão autoral arguida pela parte demandada, tenho que tal argumentativa deve ser rechaçada, haja vista o reconhecimento do referido nexo causal pela própria seguradora em sede administrativa (FL. 28), bem como pela existência de laudo pericial expedido por perito indicado pelo juiz de piso (FLS. 275-276), atestando a lesão em decorrência do acidente. 6- Recurso conhecido e improvido."(TJCE - Ap 0149344-88.2015.8.06.0001 - Relª Maria de Fátima de Melo Loureiro - DJe 27.03.2018 - p. 55) No caso em comento, as conclusões hauridas do laudo pericial de ID 99001586, págs. 1/3, revelam que a parte autora, em decorrência de acidente automobilístico, fora acometida de lesão no MEMBRO SUPERIOR ESQUERDO, sendo este um dano anatômico e/ou funcional definitivo parcial incompleto no percentual de 25%(vinte e cinco por cento), donde o expert também atesta que o autor apresenta limitação funcional e redução da força do membro superior esquerdo, bem ainda que o periciando sofreu outras fraturas no antebraço esquerdo(mesmo local) após o acidente em questão.
Foram analisados, detalhadamente, a documentação médica e os quesitos formulados pelas partes nos seguintes ID’s 56708405, 79101160, descortinando-se que a debilidade permanente/graduação condiz com a análise física do(a) Periciando(a) atestada por ocasião da Perícia.
Acerca do laudo pericial não houve impugnação, havendo a parte ré, através da petição de ID 102369962, pugnado pela improcedência do pleito autoral ao argumento de que o laudo pericial está em perfeita consonância com o valor da indenização securitária adimplido na via administrativa, não havendo que se falar em complementação.
A parte autora, ao se pronunciar no ID 104669980, aduziu, em síntese, que no laudo médico foi atestada a existência de incapacidade/sequela no percentual de 25%(vinte e cinco por cento), estando comprovado no documento administrativo que a demandada pagou indenização a menor, cabendo, portanto, sua complementação, pelo que reitera a procedência do pedido vestibular.
Não olvidando os argumentos deduzidos pela parte autora, porém diante das provas colacionadas aos autos, resta evidente que referida argumentação não merece prosperar, a considerar que o grau e lesão indenizada na esfera administrativa(ID 56708408, pág. 1) são idênticos ao atestado pelo perito judicial(ID 99001586, págs. 1/3).
Atinente à perícia médica tal prova tem por finalidade a perquirição das lesões, sequelas, incapacidade e o nexo causal entre as lesões sofridas e o fato/acidente.
No caso em comento, as conclusões do laudo elaborado pelo Perito nomeado, revelam o resultado de trabalho executado com técnica e rigor científico e, como tal, merece acatamento judicial.
Ademais, não se observa no aludido laudo pericial qualquer nulidade absoluta ou insanável, havendo o perito se desincumbido zelosamente de seu mister, respondendo de forma criteriosa aos quesitos formulados, chegando a uma sólida conclusão.
De modo que, em não trazendo aos autos outros documentos, nem sendo demonstrado pelas partes erro ou atecnia no laudo, há de permanecer incólume a perícia.
No que concerne ao valor da indenização deve-se aplicar a norma em vigor na data do sinistro.
Aos sinistros ocorridos após o advento da Medida Provisória nº 451 (18/12/2008), convertida na Lei n.º 11.945 (04/06/2009), aplica-se a regra da gradação de valores, considerando a natureza dos danos permanentes, consoante tabela que foi acrescentada à Lei nº 6.194/74.
No caso em análise, a indenização deve ser paga em proporcionalidade ao grau de invalidez permanente da vítima, sendo o teto o valor de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), devendo ser observada a tabela anexada à Lei nº 6.194/74 pela Medida provisória nº 451/2008.
Nesse sentido, preconiza a Súmula n° 474 do Superior Tribunal de Justiça: “a indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez”.
Assim, em sendo incompleta a invalidez parcial permanente, deve-se aplicar a redução percentual prevista no artigo 3º, § 1º, II, da lei nº 6.194/74, o qual determina que a indenização deverá ser paga mediante o enquadramento da lesão sofrida em um dos segmentos orgânicos ou corporais previstos na tabela anexa à referida lei.
Nesse sentido, a indenização corresponderá ao valor resultante da aplicação do percentual estabelecido na tabela ao valor máximo da cobertura (R$ 13.500,00) e, em seguida, proceder-se-á a redução proporcional desse valor de acordo com a repercussão da lesão (que pode ser intensa, média, leve ou residual).
No caso em liça, o laudo pericial acostado no ID 99001586, págs. 1/3, concluiu que a perda anatômica e/ou funcional parcial incompleta se deu no “MEMBRO SUPERIOR ESQUERDO” da parte autora, prevendo a referida tabela a aplicação do percentual de 70% (setenta por cento) resultando no valor de R$ 9.450,00(nove mil quatrocentos e cinquenta reais).
Sobre este valor, deve ainda incidir o percentual de 25%(vinte e cinco por cento) correspondente ao grau de incapacidade definido pelo expert como LEVE, o que equivale ao valor de R$ 2.362,50(dois mil trezentos sessenta e dois reais e cinquenta centavos), a título de indenização securitária devida a parte autora.
Ressai dos autos que a demandante, em procedimento administrativo, recebeu o valor de R$ 2.362,50(dois mil trezentos sessenta e dois reais e cinquenta centavos), correspondente a perda funcional completa de um dos membros superiores – fratura da diáfise do rádio esquerdo(25%, grau LEVE), conforme comprovante de pagamento e parecer de análise médica(ID 79101166, págs. 4 e 6), o qual idêntico ao atestado na prova técnica judicial, não havendo, portanto, valor complementar a ser recebido pelo demandante.
Diante do apurado, considerando que, à luz da prova documental colacionada, é incontroverso que referente ao evento objeto do presente feito(sinistro nº 3190529250 – ID 56708408, pág. 1), a parte demandada pagou administrativamente à autora a importância de R$ 2.362,50(dois mil trezentos sessenta e dois reais e cinquenta centavos), fato este, outrossim, corroborado pela ré no ID 79101166, págs. 4 e 7, evidencia-se integralmente satisfeita a pretensão indenizatória autoral, não restando, ipso facto, qualquer obrigação subjacente a ser cumprida pela parte demandada.
III – DISPOSITIVO Diante do exposto, considerando os princípios e regras jurídicas atinentes à matéria em debate, notadamente os citados ao longo do presente comando sentencial, bem como tendo em vista o mais que dos autos consta e com fundamento no art. 487, inciso I, do CPC/15, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado pelo autor nos presentes autos.
Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários ao advogado da parte ré, que fixo em 10% (dez por cento) do valor da causa, ante a simplicidade do feito e o tempo de duração do processo, conforme art. 85, do CPC/15.
Por ser a parte autora beneficiária da justiça gratuita, suspendo o pagamento de custas e verbas da sucumbência pelo prazo prescricional de 05 (cinco) anos, durante o qual deverá a parte ré provar a melhoria das condições financeiras da outra parte, demonstrando que pode parte autora fazer o pagamento sem prejuízo do sustento próprio ou da família, ficando a mesma obrigada a pagar as verbas sucumbenciais na caracterização desta hipótese.
Em havendo apelação, intime-se a parte adversa para contrarrazões, no prazo legal, remetendo-se, empós, ao Egrégio Tribunal de Justiça para os devidos fins.
Transitado em julgado, arquivem-se os presentes eletronicamente e dê-se baixa no PJE.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Natal/RN, 22 de agosto de 2023 ANDRÉA RÉGIA LEITE DE HOLANDA MACEDO HERONILDES Juíza de Direito em Substituição (documento assinado digitalmente na forma da Lei n°11.419/06) -
22/08/2023 17:05
Expedição de Outros documentos.
-
22/08/2023 10:09
Julgado improcedente o pedido
-
15/08/2023 10:24
Conclusos para julgamento
-
15/08/2023 10:22
Juntada de Certidão
-
07/08/2023 10:48
Juntada de Petição de petição
-
11/07/2023 15:40
Publicado Intimação em 11/07/2023.
-
11/07/2023 15:40
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 10/07/2023
-
10/07/2023 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FÓRUM DESEMBARGADOR MIGUEL SEABRA FAGUNDES JUÍZO DE DIREITO DA 21ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE NATAL Rua Dr.
Lauro Pinto, 315, 7º andar, Lagoa Nova, CEP 59064-972, Natal/RN, telefone (84) 3673-8500, e-mail: [email protected] Processo nº 0820136-87.2020.8.20.5001 Ação de PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) AUTOR: CAIO NILSON GURGEL ALVES REU: PORTO SEGURO CIA.
DE SEGUROS GERAIS ATO ORDINATÓRIO Com permissão do art. 152, § II, do CPC, c/c o inciso VI, e das disposições do art. 78, inciso VI, do Provimento nº 154, de 09/09/2016, da Corregedoria de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, considerando a manifestação da parte ré já constante nos autos, INTIMO a parte autora, por seu(s) advogado(s), para, no prazo de 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre o laudo pericial acostado aos autos, sob pena de preclusão.
Natal, 7 de julho de 2023.
TAISE TEIXEIRA TAVARES Chefe de Unidade (documento assinado digitalmente na forma da Lei n°11.419/06) -
07/07/2023 14:07
Expedição de Outros documentos.
-
07/07/2023 14:06
Ato ordinatório praticado
-
26/06/2023 10:07
Juntada de Petição de petição
-
20/04/2023 22:25
Juntada de Petição de laudo pericial
-
10/03/2023 01:15
Publicado Intimação em 07/03/2023.
-
10/03/2023 01:15
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/03/2023
-
07/03/2023 18:21
Mandado devolvido entregue ao destinatário
-
07/03/2023 18:21
Juntada de Petição de diligência
-
03/03/2023 12:53
Expedição de Mandado.
-
03/03/2023 12:39
Expedição de Outros documentos.
-
03/03/2023 12:37
Ato ordinatório praticado
-
19/01/2023 10:18
Expedição de Outros documentos.
-
19/01/2023 09:22
Proferido despacho de mero expediente
-
10/01/2023 11:47
Juntada de Petição de petição
-
19/12/2022 13:52
Conclusos para decisão
-
15/12/2022 12:10
Expedição de Certidão.
-
15/12/2022 12:10
Decorrido prazo de ANTONIO MARTINS TEIXEIRA JUNIOR em 14/12/2022 23:59.
-
05/12/2022 11:52
Publicado Intimação em 05/12/2022.
-
05/12/2022 11:52
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 02/12/2022
-
01/12/2022 15:06
Expedição de Outros documentos.
-
01/12/2022 15:03
Ato ordinatório praticado
-
09/11/2022 22:05
Juntada de Petição de petição
-
20/09/2022 02:13
Publicado Intimação em 19/09/2022.
-
18/09/2022 01:35
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 16/09/2022
-
15/09/2022 12:42
Expedição de Outros documentos.
-
15/09/2022 12:41
Ato ordinatório praticado
-
25/08/2022 19:17
Juntada de Petição de laudo pericial
-
28/07/2022 10:32
Mandado devolvido entregue ao destinatário
-
28/07/2022 10:32
Juntada de Petição de diligência
-
21/07/2022 05:17
Publicado Intimação em 21/07/2022.
-
20/07/2022 23:21
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 20/07/2022
-
19/07/2022 10:43
Expedição de Mandado.
-
19/07/2022 10:37
Expedição de Outros documentos.
-
19/07/2022 10:34
Ato ordinatório praticado
-
16/03/2022 09:03
Juntada de Petição de petição
-
25/02/2022 09:38
Juntada de Petição de contestação
-
10/02/2022 08:34
Expedição de Outros documentos.
-
10/02/2022 08:34
Disponibilizado no DJ Eletrônico em #Não preenchido#
-
09/02/2022 08:41
Proferido despacho de mero expediente
-
09/02/2022 08:23
Conclusos para decisão
-
09/02/2022 08:23
Expedição de Certidão.
-
01/02/2022 06:40
Decorrido prazo de Porto Seguro Cia. de Seguros Gerais em 31/01/2022 23:59.
-
01/02/2022 06:40
Decorrido prazo de FELIPPE DE QUEIROZ BESSA BANDEIRA LEITE em 31/01/2022 23:59.
-
23/11/2021 10:07
Expedição de Outros documentos.
-
23/11/2021 10:07
Disponibilizado no DJ Eletrônico em #Não preenchido#
-
17/11/2021 15:12
Outras Decisões
-
16/11/2021 15:26
Conclusos para decisão
-
16/11/2021 15:23
Expedição de Certidão.
-
05/11/2021 04:45
Decorrido prazo de Porto Seguro Cia. de Seguros Gerais em 04/11/2021 23:59.
-
28/09/2021 10:13
Expedição de Outros documentos.
-
11/06/2021 12:42
Expedição de Certidão.
-
11/06/2021 12:41
Juntada de aviso de recebimento
-
08/03/2021 18:39
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
03/11/2020 18:00
Juntada de Certidão
-
03/11/2020 17:54
Juntada de aviso de recebimento
-
17/07/2020 12:07
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
16/06/2020 07:22
Disponibilizado no DJ Eletrônico
-
16/06/2020 07:21
Expedição de Outros documentos.
-
16/06/2020 00:54
Outras Decisões
-
14/06/2020 23:14
Conclusos para despacho
-
14/06/2020 23:14
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
14/06/2020
Ultima Atualização
23/08/2023
Valor da Causa
R$ 0,00
Detalhes
Documentos
Sentença • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Despacho • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
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