TJMA - 0800934-34.2022.8.10.0119
1ª instância - Vara Unica de Santo Antonio dos Lopes
Polo Ativo
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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14/09/2023 14:39
Arquivado Definitivamente
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14/09/2023 14:38
Juntada de protocolo
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14/09/2023 14:32
Juntada de Certidão trânsito em julgado
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08/09/2023 00:46
Decorrido prazo de PATRICIA SILVA DE ALMEIDA MOTA em 06/09/2023 23:59.
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06/09/2023 00:50
Decorrido prazo de FRANCISCA THAYNARA SOARES REIS em 04/09/2023 23:59.
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23/08/2023 10:02
Juntada de petição
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16/08/2023 00:49
Publicado Intimação em 16/08/2023.
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16/08/2023 00:49
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 15/08/2023
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15/08/2023 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO MARANHÃO COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DOS LOPES/MA Processo nº 0800934-34.2022.8.10.0119 Interditante: JEANILSON DA SILVA PEREIRA Interditando: ANTONIA GERLINE DA SILVA PEREIRA SENTENÇA Trata-se de Ação de Interdição visando a nomeação de JEANILSON DA SILVA PEREIRA como curador(a) de ANTONIA GERLINE DA SILVA PEREIRA, qualificados nos autos.
Alega a parte autora que a interditanda é sua irmã, sendo incapacitada para exercer os atos da vida civil em razão de anomalia irreversível, ao passo que a parte autora é atualmente responsável por todos os cuidados do(a) requerido(a), motivo pelo qual ingressou com a presente ação.
Documentos comprobatórios anexos à petição inicial, inclusive laudo médico.
Deferida curatela provisória (ID 76486112).
Relatório Social apresentado (ID 79030551).
Entrevista interditando, conforme audiência ID 81960969.
Impugnação apresentada pelo curador especial (ID 87290272).
Em manifestação o Órgão Ministerial opinou pelo deferimento do pedido de interdição e curatela definitiva (ID 94575574). É o relatório.
Decido.
A interdição ou curatela é uma medida de amparo àqueles que não têm discernimento para a prática dos atos da vida civil.
Um princípio básico estabelecido na Constituição brasileira é o da dignidade da pessoa humana.
A partir dele surgem os direitos e garantias fundamentais, direcionados à proteção e ao bem-estar de todos.
Entretanto, mesmo cercadas de direitos assegurados pelo ordenamento jurídico algumas pessoas, mesmo que temporariamente, não se mostram plenamente capazes de invocá-los e de gerir seus próprios interesses, por um motivo permanente ou temporário.
Para elas, o Código Civil (CC) instituiu a interdição.
Nesse caminho, válido ressaltar a recente mudança no Estatuto Civil realizada pela Lei 13.146/2015, que instituiu o chamado Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Referido diploma legal, dentre vários comandos que representam notável avanço para a proteção da dignidade da pessoa com deficiência, alterou e revogou alguns artigos do Código Civil (arts. 114 a 116), trazendo grandes mudanças estruturais e funcionais na antiga teoria das incapacidades, o que repercute diretamente para institutos do Direito Civil, como o casamento, a interdição e a curatela.
Assim, destaco da análise do texto legal, terem sido revogados todos os incisos do art. 3º do Código Civil, que tinha a seguinte redação: "São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade".
Também foi alterado o caput do comando, passando a estabelecer que "são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos".
Em suma, não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade.
Como consequência, não há que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, pois os menores não são interditados.
Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão social, em prol de sua dignidade.
Eventualmente, e em casos excepcionais, tais pessoas podem ser tidas como relativamente incapazes em algum enquadramento do novo art. 4º do Código Civil.
Cite-se, a título de exemplo, a situação de um deficiente que seja viciado em tóxicos, podendo ser tido como incapaz como qualquer outro sujeito.
Esse último dispositivo também foi modificado de forma considerável pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.
O seu inciso II não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido, que não são mais consideradas relativamente incapazes, como antes estava regulamentado.
Apenas foram mantidas no diploma as menções aos ébrios habituais (entendidos como os alcoólatras) e aos viciados em tóxicos, que continuam dependendo de um processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua incapacidade seja reconhecida.
Também foi alterado o inciso III do art. 4º do CC/2002, sem mencionar mais os excepcionais sem desenvolvimento completo.
O inciso anterior tinha incidência para o portador de síndrome de Down, não considerado mais um incapaz.
A nova redação dessa norma passa a enunciar as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do art. 3º como situação típica de incapacidade absoluta.
Agora a hipótese é de incapacidade relativa.
Nesse diapasão o artigo 1.767, inciso I do Código Civil (com redação alterada pela lei 13.146/2015) dispõe: Art. 1.767.
Estão sujeitos a curatela: I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) IV - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) V - os pródigos.
Ademais, estatui o novo dispositivo acerca da escolha do curador: Art. 1.771.
Antes de se pronunciar acerca dos termos da curatela, o juiz, que deverá ser assistido por equipe multidisciplinar, entrevistará pessoalmente o interditando. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Art. 1.772.
O juiz determinará, segundo as potencialidades da pessoa, os limites da curatela, circunscritos às restrições constantes do art. 1.782, e indicará curador. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Parágrafo único.
Para a escolha do curador, o juiz levará em conta a vontade e as preferências do interditando, a ausência de conflito de interesses e de influência indevida, a proporcionalidade e a adequação às circunstâncias da pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) Dessa forma, verifico dos autos que visando atender todos os direitos do(a) interditando(a), bem como lhe assegurando plena capacidade de defesa e manifestação nos autos, foi realizada entrevista pessoal, tendo sido ouvido por este juízo na audiência específica para esse fim – ID 81960969.
No mesmo caminho, o Laudo médico acostado à inicial - id. 74882085 - comprova a situação de incapacidade atual em relação aos atos da vida civil, bem como à maneira de exercê-los, sendo as sequelas de sua patologia permanentes (CID 10F72.0 - retardo mental grave).
Nesta perspectiva, afigura-se patente a necessidade de nomear curador(a) ao interditando, que possa assegurar-lhe na vida os direitos que lhes são reservados em lei, pois restou constatado que ele não apresenta condições de reger sua própria pessoa ou administrar seus bens, tendo em vista a gravidade da moléstia, conclui-se, portanto, por sua incapacidade relativa aos atos que afetem, tão somente, seus atos de natureza patrimonial, nos termos do Estatuto da Inclusão, in verbis: Art. 85.
A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. § 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. § 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado. § 3º No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
Desta forma, por entender que o(a) senhor(a) JEANILSON DA SILVA PEREIRA, neste momento, é quem melhor atende aos interesses do(a) interditando(a), nomeio-o(a) curador(a) definitivo(a) de ANTONIA GERLINE DA SILVA PEREIRA, sem prejuízo de futura remoção.
Diante de todo o exposto, e fundamentado na nova ótica de inclusão da pessoa com deficiência, DECRETO a interdição de ANTONIA GERLINE DA SILVA PEREIRA, declarando-o(a) relativamente incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil, com fulcro no art. 4º, inciso III, c/c 1.775, §3º, todos do Código Civil e Art. 85 da Lei 13.146 (Estatuto da Pessoa Com Deficiência), nomeando-lhe curador(a), sob compromisso a ser prestado no prazo de 05 (cinco) dias, o(a) senhor(a) JEANILSON DA SILVA PEREIRA, sendo seus poderes restritos aos atos de cuidado, administração e gerência da vida e bens do interditando, condicionando todo e qualquer ato que importe em alienação de bens imóveis e bens móveis de elevado valor (acima de 03 salários-mínimos) à prévia autorização judicial, na conformidade do art. 759 do CPC e publique-se o edital no Órgão da imprensa oficial por 03 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, nos moldes do art. 756, §3º do CPC e após o trânsito em julgado, arquivem-se os presentes autos, observadas as cautelas legais.
Outrossim, determino ao(à) curador(a) que preste todo o apoio necessário, encaminhando o(a) interditado(a) para tratamento e acompanhamento médico, obedecendo aos termos do art. 1.777 do Código Civil no que concerne à preservação do direito do(a) curatelado(a) à convivência familiar e comunitária.
Condeno o Estado do Maranhão ao pagamento de honorários advocatícios no importe de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) em favor da causídica Francisca Thaynara Soares Reis, OAB MA 23.712-A, pelos trabalhos realizados como curador especial.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Ciência ao Ministério Público.
Intime-se pessoalmente o curador especial.
Oficie-se ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais do Município competente, para que proceda ao Registro da Interdição de ANTONIA GERLINE DA SILVA PEREIRA, maior, relativamente incapaz, brasileiro(a), nascido(a) em 13.03.1987, RG 029099572005-0 SSP/MA, CPF *31.***.*17-25, filha de Francisco Pereira Nascimento e Lindaluz da Silva Pereira.
Sem Custas e honorários advocatícios.
Serve a presente sentença de ofício/mandado de averbação/intimação/edital.
Santo Antônio dos Lopes/MA, na data do sistema.
JOÃO BATISTA COELHO NETO Juiz de Direito Titular da Comarca de Santo Antônio dos Lopes -
14/08/2023 11:27
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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14/08/2023 11:27
Expedição de Comunicação eletrônica.
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14/08/2023 11:27
Expedição de Comunicação eletrônica.
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10/08/2023 17:51
Julgado procedente o pedido
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16/06/2023 11:21
Conclusos para julgamento
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15/06/2023 17:45
Juntada de parecer de mérito (mp)
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30/05/2023 08:29
Expedição de Comunicação eletrônica.
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23/05/2023 18:47
Proferido despacho de mero expediente
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20/04/2023 16:15
Conclusos para despacho
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08/03/2023 11:17
Juntada de contestação
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06/03/2023 16:59
Expedição de Comunicação eletrônica.
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07/12/2022 11:30
Juntada de termo de juntada
-
06/12/2022 16:48
Audiência Entrevista com curatelando realizada para 06/12/2022 08:45 Vara Única de Santo Antônio dos Lopes.
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06/12/2022 16:48
Proferido despacho de mero expediente
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15/11/2022 20:26
Mandado devolvido entregue ao destinatário
-
15/11/2022 20:26
Juntada de diligência
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15/11/2022 20:22
Mandado devolvido entregue ao destinatário
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15/11/2022 20:22
Juntada de diligência
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26/10/2022 21:49
Juntada de petição
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25/10/2022 11:21
Expedição de Mandado.
-
25/10/2022 11:21
Expedição de Mandado.
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25/10/2022 11:21
Expedição de Comunicação eletrônica.
-
25/10/2022 11:21
Expedição de Comunicação eletrônica.
-
25/10/2022 11:17
Audiência Entrevista com curatelando designada para 06/12/2022 08:45 Vara Única de Santo Antônio dos Lopes.
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24/10/2022 18:11
Juntada de termo de juntada
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21/10/2022 21:05
Mandado devolvido entregue ao destinatário
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21/10/2022 21:05
Juntada de diligência
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18/10/2022 14:11
Proferido despacho de mero expediente
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17/10/2022 12:06
Conclusos para despacho
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17/10/2022 12:06
Audiência Entrevista com curatelando cancelada para 25/10/2022 11:00 Vara Única de Santo Antônio dos Lopes.
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17/10/2022 11:45
Juntada de Certidão
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03/10/2022 12:46
Mandado devolvido entregue ao destinatário
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03/10/2022 12:46
Juntada de diligência
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03/10/2022 12:39
Mandado devolvido entregue ao destinatário
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03/10/2022 12:39
Juntada de diligência
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27/09/2022 18:55
Juntada de petição
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27/09/2022 16:35
Audiência Entrevista com curatelando designada para 25/10/2022 11:00 Vara Única de Santo Antônio dos Lopes.
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27/09/2022 16:34
Expedição de Mandado.
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27/09/2022 16:34
Expedição de Mandado.
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27/09/2022 16:34
Expedição de Mandado.
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27/09/2022 16:34
Expedição de Comunicação eletrônica.
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27/09/2022 16:34
Expedição de Comunicação eletrônica.
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22/09/2022 08:19
Concedida a Antecipação de tutela
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20/09/2022 08:14
Conclusos para decisão
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19/09/2022 20:11
Juntada de petição
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02/09/2022 11:42
Expedição de Comunicação eletrônica.
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30/08/2022 14:46
Proferido despacho de mero expediente
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29/08/2022 16:38
Conclusos para decisão
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29/08/2022 16:38
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
29/08/2022
Ultima Atualização
14/09/2023
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Sentença • Arquivo
Despacho • Arquivo
Ata de audiência com despacho, decisão ou sentença • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Despacho • Arquivo
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