TRF1 - 0004663-21.2015.4.01.4100
2ª instância - Câmara / Desembargador(a) Gab. 16 - Des. Fed. Flavio Jardim
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Ativo
Partes
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Polo Passivo
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
-
12/06/2025 00:00
Intimação
JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PROCESSO: 0004663-21.2015.4.01.4100 PROCESSO REFERÊNCIA: 0004663-21.2015.4.01.4100 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) POLO ATIVO: INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA POLO PASSIVO:MARIA ARACI ZUCCHI REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: SEBASTIAO MARTINS DOS SANTOS - RO1085-A, IDEILDO MARTINS DOS SANTOS - RO2693-A e ANDERSON JUNIOR FERREIRA MARTINS - RO3466-A RELATOR(A):FLAVIO JAIME DE MORAES JARDIM PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 0004663-21.2015.4.01.4100 RELATÓRIO Transcrevo o relatório da sentença recorrida: O pedido autoral foi julgado procedente com base nos elementos de prova que indicavam a legitimidade da posse da autora e o vínculo entre a atuação da autarquia e a manutenção dos invasores na área.
Em suas razões recursais, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária defendeu sua ilegitimidade passiva, pois o imóvel seria de domínio da União e não havia, à época da ocupação, qualquer atuação concreta do INCRA.
Alegou que sua atuação se deu em cumprimento às atribuições legais de regularização fundiária, conforme os arts. 4º e 33 da Lei nº 11.952/2009, além dos arts. 11 e 16 da Lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra).
Ressaltou a ausência de nexo causal entre seus atos e a invasão.
Contrarrazões apresentadas.
O Ministério Público Federal opinou pelo prosseguimento do feito. É o relatório.
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 0004663-21.2015.4.01.4100 VOTO O EXMO.
SR.
DESEMBARGADOR FEDERAL FLÁVIO JARDIM - Relator: I.
Estão preenchidos os requisitos de admissibilidade.
II.
Eis a fundamentação e o dispositivo da sentença recorrida: III.
Quanto à legitimidade das partes envolvidas, acertada a sentença recorrida.
O Incra exerceu suas atribuições legais, inclusive as previstas no art. 4º da Lei nº 11.952/2009, ao realizar ações de vistoria e tratativas relativas à posse do imóvel Fazenda Boi Vermelho, localizada no município de Porto Velho/RO (p. 19-23, r.u.).
Participou de reunião institucional com os ocupantes da área, conforme Ata da 824ª Reunião da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, realizada em 29/04/2015 (p. 24-28, r.u.).
Além disso, a União manifestou-se nos autos para reforçar a legitimidade do Incra para figurar no feito em sucessão, por força do art. 33 da Lei nº 13.844/2019 (p. 560-561, r.u.).
Já a autora comprovou ser possuidora do imóvel objeto da lide desde 2007 (p. 35-36, r.u.), nele exercendo atividades econômicas (p. 38-45, r.u.) e que é objeto de suposta invasão de terceiros (p. 37 e 106-110, r.u.).
Logo, atendido o requisito do art. 561, incisos I e II, do Código de Processo Civil (correspondente ao revogado art. 926, incisos I e II, do Código de Processo Civil de 1973).
No mérito, entendo que a apelação deve ser desprovida.
De um lado, a autora alegou que teria havido invasão violenta em 22 de janeiro de 2015 em sua área rural ocupada desde 2007, evento registrado em boletim de ocorrência policial e em declaração do vizinho registrada em cartório (p. 35-37, r.u.) e que teria respaldo do Incra, diante de posterior reunião em que haveria incentivo institucional ao esbulho (p. 24-28, r.u.).
De outro lado, o Ministério Público Federal sustentou que a posse dos invasores é mansa e pacífica porque os indivíduos teriam sido convidados pela autora para ocupar a terra e evitar penhoras de execução e acrescentou que não haveria atividade econômica em andamento.
Tal manifestação ministerial foi acompanhada de declarações escritas do presidente do Assentamento Avenida Brasil (p. 90-110, r.u.).
Em que pese a divergência em relação à natureza da ocupação noticiada em 22 de janeiro de 2015, a valoração da prova é diferencial nesse caso.
As declarações escritas do presidente do Assentamento Avenida Brasil não se sobrepõe aos registros da Ata da 824ª Reunião da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo (p. 24-28, r.u.) nem às declarações registradas em cartório sobre a invasão (p. 35-36, r.u.).
Tem-se um relevante conflito agrário, com possível violência, em que o Incra não busca discutir a cadeia dominial da área litigiosa ou refutar ou contraditar a alegação e as evidências de exercício de atividade produtiva.
A reunião recorrentemente invocada não trata genericamente de conflitos fundiários, pois trata especificamente da Fazenda Boi Vermelho.
Nela, houve menção específica a processo administrativo acerca de supostas alienações das terras pertencentes à Fazenda Boi Vermelho e supostos descumprimentos de cláusulas contratuais que nunca foram trazidos pelo Incra no agravo de instrumento (p. 406-419, r.u.), na contestação (p. 462-472, r.u.), na produção de provas (p. 554, r.u.) ou na apelação (p. 587-591, r.u.).
A fundamentação recursal do Incra repousa sobre a premissa de que sua conduta posterior à ocupação não possui potencial jurídico para caracterizar vínculo com o esbulho possessório.
Contudo, a análise da documentação constante nos autos, notadamente a referida ata de reunião, revela que a autarquia atuou com finalidade administrativa vinculada aos fatos geradores da ação.
Não se trata aqui de imputar ao Incra a prática direta do esbulho, mas de reconhecer que a sua conduta, ao promover tratativas com os ocupantes da área sem respaldo em processo formal, acabou por legitimar indiretamente a permanência dos invasores, frustrando o exercício da posse da autora.
A conduta institucional do Incra, embora posterior à invasão, reforçou a ocupação indevida ao prometer revisão contratual e eventual destinação fundiária, o que configura a responsabilidade objetiva do Estado consagrada no art. 37, §6º da Constituição Federal.
Por tudo isso, merece acolhimento o pedido autoral para reintegração na posse da Fazenda Boi Vermelho, com área de 3.057,8375ha, localizado na Linha 4, Km 5, Distrito de Extrema, Município de Porto Velho/RO, o que já foi deferido e executado pelo juízo de piso.
Devem ser mantidos todos os atos jurisdicionais já praticados.
IV.
Em face do exposto, nego provimento à apelação.
Honorários recursais fixados em 2% (dois por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art. 85, § 11, do Código de Processo Civil. É como voto.
Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional Federal da 1ª Região PJe/TRF1ª – Processo Judicial Eletrônico APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 0004663-21.2015.4.01.4100 Processo Referência: 0004663-21.2015.4.01.4100 APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA REPRESENTANTE: PROCURADORIA FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL APELADO: MARIA ARACI ZUCCHI EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
APELAÇÃO CÍVEL.
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA.
REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
LEGITIMIDADE PASSIVA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR CONDUTA ADMINISTRATIVA.
RECURSO DESPROVIDO. 1.
Apelação interposta pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária contra sentença que julgou procedente pedido de reintegração de posse em favor da autora, reconhecendo a legitimidade da posse exercida desde 2007 e a vinculação entre a atuação do INCRA e a manutenção de terceiros ocupantes na área rural denominada Fazenda Boi Vermelho, localizada no Município de Porto Velho/RO. 2.
A autarquia sustentou sua ilegitimidade passiva, alegando que a área seria de domínio da União e que suas ações decorreram do exercício regular de suas atribuições legais, sem nexo de causalidade com a suposta invasão noticiada. 3.
A análise dos autos confirma que o INCRA exerceu ações administrativas diretamente relacionadas à posse da área litigiosa, participando de reuniões institucionais com os ocupantes e promovendo tratativas não respaldadas por processo formal. 4.
A autora comprovou o exercício da posse mansa e produtiva desde 2007 e a ocorrência de esbulho possessório em janeiro de 2015, circunstâncias documentadas em boletim de ocorrência e declaração registrada em cartório. 5.
A ata da 824ª Reunião da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo evidencia a atuação do INCRA em tratativas sobre a mesma área invadida, conferindo respaldo institucional à ocupação, ainda que de forma indireta. 6.
Embora a conduta do INCRA tenha ocorrido após a invasão, ela concorreu para a consolidação da ocupação indevida, ao prometer regularização fundiária sem prévio contraditório ou apuração formal.
Tal conduta atrai a responsabilidade objetiva da Administração, nos termos do art. 37, §6º da Constituição Federal. 7.
Reconhecida a legitimidade passiva do INCRA, bem como sua atuação vinculada aos fatos geradores da lide, deve ser mantida a sentença que concedeu a reintegração de posse em favor da autora. 8.
Recurso desprovido.
Honorários recursais arbitrados.
ACÓRDÃO Decide a Sexta Turma, à unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator.
Brasília/DF, data e assinatura eletrônicas.
Desembargador Federal FLÁVIO JARDIM Relator -
15/05/2025 00:00
Intimação
Justiça Federal Tribunal Regional Federal da 1ª Região , 14 de maio de 2025.
Intimação da Pauta de Julgamentos Destinatário: Usuário do sistema 2 APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA REPRESENTANTE: PROCURADORIA FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL APELADO: MARIA ARACI ZUCCHI Advogados do(a) APELADO: ANDERSON JUNIOR FERREIRA MARTINS - RO3466-A, IDEILDO MARTINS DOS SANTOS - RO2693-A, SEBASTIAO MARTINS DOS SANTOS - RO1085-A O processo nº 0004663-21.2015.4.01.4100 (APELAÇÃO CÍVEL (198)) foi incluído na sessão de julgamento abaixo indicada, podendo, entretanto, nesta ou nas subsequentes, serem julgados os processos adiados ou remanescentes.
Sessão de Julgamento Data: 04/06/2025 Horário: 14:00 Local: SESSÃO PRESENCIAL - GAB. 16 - Observação: 1.
DE ORDEM DA PRESIDENTE DA SEXTA TURMA, DESEMBARGADORA FEDERAL KÁTIA BALBINO, AVISO ÀS PARTES, AOS ADVOGADOS, AOS PROCURADORES E DEMAIS INTERESSADOS QUE AS SUSTENTAÇÕES ORAIS DEVERÃO SER FEITAS PRESENCIALMENTE, EXCETO AO ADVOGADO COM DOMICÍLIO PROFISSIONAL EM CIDADE DIVERSA, A QUEM SERÁ PERMITIDO FAZER A SUSTENTAÇÃO ORAL POR MEIO DA PLATAFORMA TEAMS, NOS TERMOS DO ART. 937, § 4º, DO CPC, E ART. 45, § 4º, DO REGIMENTO INTERNO DESTE TRIBUNAL, E QUE SOMENTE SERÃO ACEITOS PEDIDOS DE PREFERÊNCIA NAS SESSÕES DE JULGAMENTO QUANDO HOUVER SUSTENTAÇÕES ORAIS E NOS CASOS PREVISTOS NO ART. 44, §§1º E 2º, DO REGIMENTO INTERNO, SALVO INDICAÇÃO DO PRÓPRIO RELATOR E NOS CASOS PREVISTOS EM LEI. 2.
OS REQUERIMENTOS DE SUSTENTAÇÕES ORAIS, QUANDO CABÍVEIS, DEVERÃO SER ENCAMINHADOS PARA O E-MAIL [email protected], COM A INDICAÇÃO DO ENDEREÇO ELETRÔNICO DO ADVOGADO/PROCURADOR PARA CADASTRO NO AMBIENTE VIRTUAL, NÚMERO DA INSCRIÇÃO DO ADVOGADO NA OAB, TELEFONE DE CONTATO, Nº DO PROCESSO, PARTE(S) E RELATOR, COM ANTECEDÊNCIA DE ATÉ 24 HORAS DO INÍCIO DA SESSÃO DE JULGAMENTO. 3.
LOCAL DA SESSÃO: SALA 01, SOBRELOJA, EDIFÍCIO SEDE I - TRF1 -
18/10/2022 09:24
Expedida/certificada a intimação eletrônica
-
18/10/2022 09:24
Expedição de Outros documentos.
-
18/10/2022 08:57
Redistribuído por prevenção em razão de dependência
-
18/10/2022 08:57
Remetidos os Autos da Distribuição a 6ª Turma
-
18/10/2022 08:56
Juntada de Certidão de Redistribuição
-
17/10/2022 18:07
Recebidos os autos
-
17/10/2022 18:07
Recebido pelo Distribuidor
-
17/10/2022 18:07
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
18/10/2022
Ultima Atualização
12/06/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
ACÓRDÃO • Arquivo
ACÓRDÃO • Arquivo
ACÓRDÃO • Arquivo
ACÓRDÃO • Arquivo
ACÓRDÃO • Arquivo
ACÓRDÃO • Arquivo
DESPACHO • Arquivo
DESPACHO • Arquivo
Informações relacionadas
Processo nº 1000919-55.2025.4.01.3904
Luiz Barbosa do Nascimento
Instituto Nacional do Seguro Social - In...
Advogado: Joao Bosco Pereira de Araujo Junior
1ª instância - TRF1
Ajuizamento: 30/01/2025 10:46
Processo nº 1000919-55.2025.4.01.3904
Luiz Barbosa do Nascimento
Instituto Nacional do Seguro Social - In...
Advogado: Joao Bosco Pereira de Araujo Junior
2ª instância - TRF1
Ajuizamento: 12/07/2025 10:06
Processo nº 1002788-41.2025.4.01.4005
Marinez Alves Leite
Instituto Nacional do Seguro Social - In...
Advogado: Vanilson Valentim da Silva
1ª instância - TRF1
Ajuizamento: 20/03/2025 11:19
Processo nº 1005463-62.2025.4.01.4300
Luzinete Aquino de Araujo
Instituto Nacional do Seguro Social - In...
Advogado: Elidiana Sousa dos Santos
1ª instância - TRF1
Ajuizamento: 06/05/2025 15:15
Processo nº 0004663-21.2015.4.01.4100
Maria Araci Zucchi
Calistenio
Advogado: Sebastiao Martins dos Santos
1ª instância - TRF1
Ajuizamento: 08/05/2015 17:25