TRF1 - 1071335-42.2024.4.01.3400
1ª instância - 21ª Brasilia
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Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
-
26/05/2025 00:00
Intimação
Poder Judiciário da União JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU Seção Judiciária do Distrito Federal 21ª Vara Federal PROCESSO: 1071335-42.2024.4.01.3400 POLO ATIVO: IMPETRANTE: JONATHAN IGOR ARAUJO SILVA POLO PASSIVO: IMPETRADO: UNIÃO FEDERAL, SECRETARIO DE ATENCAO PRIMARIA A SAUDE VALOR DA CAUSA: 1.000,00 SENTENÇA Trata-se de mandado de segurança impetrado por JONATHAN IGOR ARAUJO SILVA contra ato atribuído a UNIÃO FEDERAL e outros, objetivando a concessão de tutela de urgência para que "a Coordenação do PMMB proceda a retificação da ordem classificatória para que não haja perecimento de direito no 2º chamamento, pois, existem a candidatos com menos pontos à frente do impetrante".
Alega que é médico formado no exterior e que no âmbito do PMMB existem candidatos com pontuação menor que o impetrante, porém melhores classificados que ele.
Afirma, ainda, que o edital nº 4/2024 – PMMB prevê uma série de contradições que necessitam ser reparadas, como: (a) Vaga destinada a cota sendo disputada por candidato da ampla concorrência; (b) Falta de clareza e objetividade com regras dúbias; (c) Regras que não fazem o menor sentido dentro do contexto de disputa do certame; (d) Falta de prazo e do direito de realizar impugnação do edital, dentre outros; (e) Regras criadas não expressas no edital em total desrespeito ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório.
Inicial instruída com procuração e documentos.
Gratuidade de Justiça concedida, id. 2148480144.
Liminar indeferida, id. 2148480144.
Declínio de competência, id. 2168188578.
A União requereu seu ingresso no feito, id. 2151675914.
Não vislumbrando a existência de interesse individual indisponível, interesse público primário ou relevante questão social a justificar a manifestação ministerial quanto ao mérito deste mandado de segurança, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo regular prosseguimento do feito, id. 2156661551.
Vieram conclusos. É o relato.
Decido.
A pretensão autoral não merece provimento.
No que tange ao controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, esse deve obedecer a pressupostos constitucionais e legais rígidos, de forma a evitar indevida intervenção ou intromissão na regular atuação de outros poderes da República, em respeito aos princípios constitucionais da harmonia e da separação de cada um deles.
Assim, o Judiciário, ao exercer tal controle, encontra-se limitado a observar se há confronto entre o ato administrativo e as imposições legais que lhe incumbiria atender e, em caso afirmativo, extirpar do mundo jurídico o ato viciado.
Ocorre que, no caso dos autos, não se verifica violação à legislação, tampouco à ordem constitucional.
Não caberia ao Judiciário afastar as disposições de decisão da comissão de concurso, salvo flagrante ilegalidade, o que não se verifica nos autos, haja vista a legalidade que subordinam tanto a Administração quanto aos administrados, à sua estrita observância.
Ora, a Administração Pública, no âmbito de sua margem de exercício do poder previsto no Edital do certame, a praticar todos e apenas os atos que lhe ordene a Lei, agindo assim, não deixando margem à intervenções por parte do Poder Judiciário.
O PMMB constitui-se em política pública do Governo Federal, concebido e gerido no âmbito do exercício do poder discricionário, sendo natural que a Administração Pública estabeleça as regras para a aceitação e integração do profissional ao Projeto, de acordo com os critérios por si estabelecido, e sempre com a observância da supremacia do interesse público.
Quanto ao procedimento e aos critérios de entrada no Programa/Projeto, o PMMB/PMM não constitui concurso público comum, stricto sensu, para que atraia a incidência do Enunciado 266 da Súmula do STJ.
A natureza jurídica do procedimento administrativo que viabiliza a efetiva dos Programa de Provisão de Médicos do Governo Federal, dos quais o PMM/PMMB, é um dos tais, ainda que seja para provimento de vagas, não o é para provimento de cargos efetivos do serviço público federal, ou para emprego temporário.
O Programa em questão constitui-se em política pública do Executivo Federal, tal qual assim entendido pelo Superior Tribunal de Justiça: “IV - Isso porque a Lei n. 12.871/2013 (Programa ‘Mais Médicos’) instituiu política pública nacional voltada à melhoria do serviço público de saúde prestado nas cidades do interior do País, com ênfase nas áreas com maior demanda da população usuária da rede pública, voltada para a atenção básica em saúde”. (...) (AgInt no REsp 2.036.913/RS, rel.
Min.
Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 13/3/2023, DJe de 17/3/2023).
Entre as duas modalidades de seleção, confere-se prioridade para a ocupação das vagas por meio de Chamadas Públicas, regidas por editais de seleção.
Residualmente, na hipótese de vagas não ocupadas por meio de Chamamento Público.
E ainda, a oferta das vagas poderá ser realizada mediante celebração de Termos de Cooperação.
A atuação discricionária da Administração Pública nesse campo é reconhecida pelo STJ, não competindo ao Judiciário imiscuir-se nas medidas adotadas pelo Governo Federal relativamente a suas políticas públicas.
Nesse sentido: “b) há discricionariedade na coordenação do Projeto Mais Médicos para o Brasil, nos termos do art. 13 da Lei 12.871/2013, não cabendo ao Poder Judiciário interferir em tal juízo, a não ser para afastar ilegalidades, que não é o caso dos autos” (AgInt no RO 256/DF, rel.
Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 11/09/2023, DJe de 21/09/2023).
Ainda: RO 213/DF, rel.
Min.
Mauro Campbell Marques, DJe 12/12/2019; RO 219/DF, rel.
Min.
Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 6/4/2021, DJe de 14/4/2021; RO 221/DF, rel.
Min.
Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 6/4/2021, DJe de 14/4/2021.
O próprio constituinte tratou o campo da saúde de forma diferenciada ao estruturar o Sistema Único de Saúde (SUS), ao prever, em seu art. 197, que “São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado” (CF/88).
O inciso III do art. 200 da Constituição prescreve que ao Sistema Único de Saúde compete “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde”.
O comando constitucional diferencia, de forma inequívoca, o papel do Estado no controle das instituições constitutivas do SUS relativamente às demais.
Por fim, o TRF1 também entende que discutir os critérios utilizados pela Administração para fins de definição de quais os documentos a serem exigidos para a inscrição em certame público diverso de concurso público, ou do momento de sua apresentação, constitui indevida incursão do Poder Judiciário no mérito do ato administrativo, já que não há outra norma específica que imponha obrigatoriedade de modo diverso.
A natureza sui generis e diversa do concurso público dos chamamentos do PMM/PMMB foi assentada pelo STF, em julgamento segundo qual: “A grave carência de assistência médica em várias regiões do país admite a excepcionalidade legal de exigência de revalidação do diploma estrangeiro por ato normativo de mesma hierarquia daquele que a instituiu. 3.
A norma vincula a prestação de serviços por médicos estrangeiros ou brasileiros diplomados no exterior à supervisão por médicos brasileiros, no âmbito de parceria acadêmica que atende ao binômio ensino-serviço.
Previsão de limites e supervisão quanto ao exercício da medicina para os participantes do programa.
Inocorrência do alegado exercício ilegal da medicina. 4.
Inocorrência de tratamento desigual em face das diferentes formas de recrutamento.
Inexistência de violação ao preceito constitucional da obrigatoriedade de concurso público”. (ADI 5035, rel.
Min.
Marco Aurélio, rel. para Acórdão Min.
Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgamento: 30/11/2017, publicação: 29/07/2020).
Em caso semelhante, o TRF1 já se pronunciou acerca da matéria de preterição da ordem de classificação e chamamento, em que reconhece que os critérios eleitos pelo Edital, reproduzem o previsto na legislação.
Confira-se: ADMINISTRATIVO.
MANDADO DE SEGURANÇA.
APELAÇÃO.
LEI N. 12.871/2013.
PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL.
CHAMAMENTO PÚBLICO.
EDITAL SGTES/MS N. 22/2018.
ALEGADA PRETERIÇÃO IMOTIVADA E ARBITRÁRIA.
SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS.
AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA.
POSSIBILIDADE DE OCUPAÇÃO DE VAGAS REMANESCENTES OU OCIOSAS.
VEDAÇÃO.
VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO.
DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE.
RECURSO DESPROVIDO. 1.
A questão controvertida nestes autos refere-se à existência do alegado direito da apelante de ser nomeada em uma das vagas ociosas ou remanescentes não preenchidas pelos demais candidatos inscritos no Edital de chamamento público SGTES/MS n. 22, de 7 de dezembro de 2018, no âmbito do "Projeto Mais Médicos para o Brasil" (PMMB), em razão de preterição imotivada e arbitrária da Administração Pública. 2.
No caso ora em exame, verifico que o acervo probatório produzido pela impetrante é incapaz de confirmar a alegação de que a etapa de escolha de vaga não se efetivou exclusivamente em razão da alegada preterição imotivada e arbitrária da Administração Pública.
Com efeito, o Parquet Federal chegou à conclusão semelhante ao apontar em seu parecer que "(...) a Administração informou que não houve vagas remanescentes da etapa da escolha de municípios destinada aos médicos brasileiros formados e habilitados para o exercício da Medicina no exterior, tendo a seleção sido encerrada na referida etapa, nos termos do artigo 4º da Portaria SGTES/MS n. 30, de 18.02.2019." 3.
De mais a mais, cabe ressaltar a inexistência de ilegalidade ou preterição, na espécie, a ser declarada quanto à previsão editalícia de critério de escolha do local de atuação pelo médico e sua alocação nas vagas, uma vez que "a validação da inscrição do candidato não gera direito à alocação e nem à participação no Projeto Mais Médicos para o Brasil" (nos termos do item 4.4.6 do Edital em questão) e que a impugnada ordem de prioridade ou de classificação dos candidatos apenas repete a ordem indicada no § 1º do art. 13 da Lei n. 12.871/2013. 4.
No tocante ao suposto direito de ocupação de vagas ociosas ou remanescentes no âmbito do PMMB, é assente a jurisprudência desta Corte no sentido de que a oferta de vagas do Projeto Mais Médicos para o Brasil insere-se no âmbito da discricionariedade da Administração Pública, somente cabível intervenção do Poder Judiciário no caso de flagrante ilegalidade.
Precedentes. (AC 1014611-52.2023.4.01.3400, Desembargador Federal Pablo Zuniga, TRF1 Décima Primeira Turma, PJe 07/03/2024). 5.
Em matéria de certame público, vigora o princípio da vinculação às regras do edital, segundo o qual o edital configura ato normativo vinculante, devendo ser observado tanto pela Administração Pública quanto pelos candidatos do certame.
Não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se na esfera de atuação exclusiva reservada ao administrador, o que representaria indevida incursão no mérito administrativo, sob pena de afronta à cláusula constitucional que assegura a independência entre os Poderes. 6.
Apelação conhecida e não provida. 7.
Honorários advocatícios incabíveis na espécie (art. 25 da Lei 12.016/2009). (AC 1004397-41.2019.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL PABLO ZUNIGA DOURADO, TRF1 - DÉCIMA-PRIMEIRA TURMA, PJe 21/11/2024 Assim, da análise detida dos autos, não se verificam razões de fato e de direito para afastar a legalidade dos atos normativo e administrativo guerreado.
Ressalte-se, por fim, que foram analisados todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.
Assim, verifico inexistente fundamento para acolhimento da pretensão autoral.
Ante o exposto, DENEGO A SEGURANÇA.
Custas judiciais pelo impetrante, observada a justiça gratuita.
Honorários advocatícios, incabíveis.
Interposta apelação, intime-se para contrarrazões.
Decorrido o prazo, remetam-se os autos ao TRF1, com as cautelas de praxe.
Transitada em julgado, nada mais sendo requerido, arquivem-se definitivamente.
Registro, publicação e intimações, via sistema.
Brasília, data da assinatura eletrônica. (assinatura eletrônica) FRANCISCO VALLE BRUM Juiz Federal Substituto da 21ª Vara/SJDF -
09/09/2024 13:05
Conclusos para decisão
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09/09/2024 10:46
Remetidos os Autos (em diligência) da Distribuição ao 14ª Vara Federal Cível da SJDF
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09/09/2024 10:46
Juntada de Informação de Prevenção
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09/09/2024 10:25
Redistribuído por sorteio em razão de incompetência
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09/09/2024 10:25
Juntada de Certidão de Redistribuição
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07/09/2024 10:13
Recebido pelo Distribuidor
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07/09/2024 10:13
Autos incluídos no Juízo 100% Digital
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07/09/2024 10:13
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
27/01/2025
Ultima Atualização
26/05/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Sentença Tipo A • Arquivo
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
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