TJRJ - 0803881-90.2024.8.19.0038
1ª instância - Capital 10º Nucleo de Justica 4.0 - Prestadoras de Servicos Publicos
Polo Ativo
Polo Passivo
Assistente Desinteressado Amicus Curiae
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
-
27/09/2025 02:23
Juntada de Petição de guias de recolhimento/ deposito/ custas
-
27/09/2025 02:23
Juntada de Petição de guias de recolhimento/ deposito/ custas
-
26/09/2025 12:28
Juntada de Petição de petição
-
21/08/2025 01:59
Publicado Intimação em 19/08/2025.
-
21/08/2025 01:59
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 18/08/2025
-
18/08/2025 00:00
Intimação
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Justiça 4.0 10º Núcleo de Justiça 4.0 - Prestadoras de Serviços Públicos Avenida Erasmo Braga, 115, Sala 606 Lâmina I, Centro, RIO DE JANEIRO - RJ - CEP: 20020-903 SENTENÇA Processo: 0803881-90.2024.8.19.0038 Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) AUTOR: MARTA DA SILVA OURIQUE RÉU: LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE SA MARTA DA SILVA OURIQUE ajuíza ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais em face de LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A, na qual requer em tutela de urgência que a ré se abstenha de interromper o fornecimento de energia elétrica em sua residência, suspenda a exigibilidade da cobrança sobre os boletos de novembro/2023, bem como das faturas posteriores; ao final, a confirmação dos efeitos da tutela; anulação do acerto de faturamento no valor de entrada de R$ 276,92 em 22 parcelas no valor de R$ 22,32 com pagamento previsto para o mês de novembro/2023; o refaturamento da fatura de 11/2023, bem como as posteriores emitidas acima da média de consumo; seja condenada a devolver o valor pago pela PRIMEIRA PARCELA no valor de R$ 22,32 reais, atrelado ao ACERTO DE FATURAMENTO a qual veio contido no boleto de energia com vencimento em Dezembro/2023; e, a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$15.000,00 (quinze mil reais).
Alega a autora que é cliente da ré há aproximadamente um ano referente ao imóvel localizado na Rua Oito (próximo à Rua Joel pinto Guedes), Nº 20 - Lt Parque Boa Vista - casa 01 - QD J, Vila De Cava, Nova Iguaçu/RJ, CEP: 26050803.
Afirma que sua média de consumo é de 30kWh/mês.
Aduz que a fatura de energia com vencimento no mês de NOVEMBRO/2023 veio com o valor absurdo de R$ 767,96 reais, com consumo de 630 kWh.
Sustenta que na fatura questionada consta endereço diverso do endereço da autora.
Afirma que foi realizado um acerto de faturamento com data prevista de cobrança para o mês de novembro/2023, no valor de entrada de R$ 276,92 reais e mais 22 parcelas no valor de R$ 22,32 reais.
Aduz que a parte Ré violou os termos previsto na resolução 414 da Aneel, haja vista que não especificou os meses englobados pelo acerto FAT.
Petição de aditamento à inicial no index 102065323.
Decisão de index 104089719 recebendo o aditamento, deferindo a gratuidade de justiça e indeferindo a tutela de urgência.
A ré apresenta resposta no index 117019519 e, em síntese, refuta o pedido vestibular.
Sustenta que todas as contas emitidas para a unidade foram faturadas em conformidade com a energia despendida no imóvel e devidamente registrada pelo equipamento de medição instalado na residência, sendo confirmadas pelas leituras posteriores, reais e internas.
Afirma que não foi constatada nenhuma anormalidade na leitura da unidade.
Salienta que somente a carga instalada, considerando a rotina média de uso dos aparelhos alegado pela parte autora, assim como o consumo mensal estimado, não são provas suficientes para afastar a regularidade da medição.
Acrescenta que as faturas de energia elétrica sofrem a influência da sazonalidade, eis que nos períodos mais quentes, como o verão, é normal o aumento do consumo de energia devido à maior utilização de aparelhos elétricos.
Alega o descabimento de revisão das faturas.
Defende a inexistência de danos morais indenizáveis.
Aduz o descabimento de devolução de valores.
Por fim, se insurge contra a possibilidade de inversão do ônus da prova.
Réplica no index 121733299.
Despacho de index 126646592 para as partes se manifestarem sobre a tramitação do feito no Núcleo de Justiça 4.0, bem como em provas.
Petição da autora no index 128876512 informando que pretende produzir prova pericial.
Certidão no index 136729357 atestando o decurso do prazo do despacho de index 126646592.
Decisão de Saneamento no index 177218598 deferindo a produção de prova pericial e fixando os honorários periciais.
Petição do perito no index 177948555 concordando com os honorários fixados.
Manifestação da ré no index 180863719 para apresentação de quesitos.
Laudo pericial no index 202313783.
Despacho ordinatório de index 206955111 para as partes se manifestarem sobre o laudo pericial.
Manifestação da ré no index 208777308 sobre o laudo pericial.
Manifestação da autora no index 209364177 sobre o laudo pericial. É O RELATÓRIO.
DECIDO.
O processo encontra-se maduro para decisão, posto que, não há necessidade de outras provas a serem produzidas em audiência, mister, portanto, aplicar o artigo 355, I, do Código de Processo Civil, cabendo o julgamento de plano da presente.
A relação jurídica entre as partes é de consumo, já que estão presentes os requisitos subjetivos (consumidor e fornecedor - artigos 2º e 3º da Lei 8078/90) e objetivos (produto e serviço - (sec)(sec) 1º e 2º do artigo 3º, do mesmo diploma legal) de tal relação.
Trata-se de ação na qual a autora alega a cobrança de valores elevados em suas faturas mensais de energia elétrica, que não reconhece como devidos, bem como se insurge contra o Acerto de Faturamento (FAT).
Em sua defesa a ré afirma que os valores cobrados estão corretos, refletindo a energia efetivamente consumida.
A controvérsia da presente ação versa sobre regularidade de funcionamento do medidor; se há incorreção nas cobranças efetuadas pela parte ré, a partir da fatura de novembro de 2023, inclusive as vincendas no curso do processo; se devido o Acerto de Faturamento (art.323/REN 1.000) realizado pela ré; e, a extensão dos danos a indenizar, se configurada falha na prestação do serviço concedido.
Nos termos do art. 37, (sec)6º da CF/1988, a concessionária de serviço público está submetida à responsabilidade civil objetiva, assim existindo nexo de causalidade entre a sua omissão/atitude ilícita e o dano suportado, é devida a sua reparação.
Dessa forma, responde a concessionária ré, independentemente da existência de culpa, e, como prestadora de serviço, é dela o ônus da prova de que o serviço foi prestado corretamente.
Dispõe ainda o artigo 14, do CDC, que: "O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos." Portanto, consagrada a responsabilidade objetiva, fundada na Teoria do Risco do Empreendimento, responde a ré independentemente da existência de culpa e somente pode ser afastada mediante comprovação da existência de uma das causas excludentes do nexo causal, o que não ocorreu no caso dos autos, sendo certo que o consumidor deve comprovar o dano sofrido.
No caso dos autos, a autora alega que suas faturas de energia elétrica do mês novembro/2023, bem como as seguintes, foram enviadas pela ré com valores que considera elevados, sem qualquer justificativa aparente.
Aduz ainda que a ré violou os termos previsto na resolução 414 da Aneel, quando da aplicação do Acerto de Faturamento.
Assim, diante da impugnação da autora sobre as cobranças realizadas, cabia a ré demonstrar a correção dos valores cobrados.
Produzida a prova pericial, o perito do juízo assim concluiu o seu trabalho no index 202313783. "[...] Quanto ao "Acerto de Faturamento": Os valores cobrados a título de recuperação de consumo são indevidos na forma como foram apresentados.
Embora existam indícios técnicos de sub-registro de consumo por falha de responsabilidade da distribuidora, a Ré não observou a limitação temporal de 3 (três) ciclos para a recuperação, conforme estabelecido no Art. 323, (sec) 5º, da Resolução Normativa nº 1.000/2021 da ANEEL.
Portanto, a cobrança que excede este limite regulatório carece de legitimidade.
Quanto ao faturamento a partir de Novembro de 2023: As faturas emitidas a partir desta data, que apresentam valores de consumo significativamente elevados e incompatíveis com a carga estimada, são consideradas irregulares.
Os indícios de que o medidor anterior apresentava problemas (superaquecimento), somados à sua remoção pela Ré no dia da perícia, comprometem a confiabilidade de todo o sistema de medição no período.
A impossibilidade de aferir o equipamento retirado e a ausência de um laudo técnico por parte da concessionária reforçam a incerteza sobre a exatidão dos registros.
Diante do exposto, e frente à impossibilidade de se validar o consumo registrado pelo medidor defeituoso, recomenda-se o refaturamento de todas as contas a partir de novembro de 2023, utilizando como base o valor de consumo identificado durante a diligência pericial.
Assim, o parâmetro tecnicamente defensável para a cobrança no período é o de 63 kWh mensais, correspondente à estimativa de consumo baseada na carga instalada e no perfil de uso da residência." Note-se que o perito estimou o consumo de energia elétrica em torno de 63,22 kWh/mês, considerando a carga instalada no imóvel no dia da perícia, não havendo impugnação específica das partes acerca desta estimativa.
Além do mais, o perito é categórico ao constatar que as faturas emitidas antes de novembro de 2023 não refletem o real consumo da unidade consumidora, por culpa da ré, uma vez que para diversos meses foram aplicados os códigos 3205 (Instalação classificada Errada), 3202 (MEDIDOR RETIRADO - LOCAL HABITADO) e 3203 (MEDIDOR RETIRADO - ÁREA TELEMEDIDA).
Outrossim, a parte autora e o perito afirmam que no mesmo dia da perícia, antes do comparecimento do perito, a ré retirou o medidor e o substituiu, fazendo com que o perito aguardasse o envio do laudo de aferição do equipamento removido, o que não se concretizou.
Pelas imagens do medidor antigo, foi possível constatar indícios de superaquecimento no equipamento.
Com efeito, cabia a ré ter demonstrado a regularidade do consumo e o acerto dos valores cobrados, em razão de a autora impugnar tais cobranças.
O consumo médio no período de seis meses anteriores à primeira fatura questionada (novembro/2023) é de 30kWh/mês o que não se coaduna com o consumo de uma casa habitada.
Decerto, pelas regras de experiência comum e de acordo com o simulador de consumo da Light, disponível em seu sítio eletrônico, uma geladeira de uma porta consome mensalmente 45 kWh.
A partir de novembro/2023 a média de consumo da autora saltou para 140 kWh.
A discrepância das medições indica a irregularidade do medidor instalado na unidade consumidora.
Ademais, não há outra causa aparente para justificar a cobrança realizada pela ré, tornando-se plenamente verossímil a tese autoral, corroborada pelo conjunto fático-probatório carreado aos autos, especialmente pela prova técnica pericial submetida ao crivo do contraditório e ampla defesa.
Especialmente em relação ao FAT, imperioso afirmar que a cobrança pelo "acerto de faturamento", quando a distribuidora fatura valores incorretos, tem previsão legal no art.323, da Resolução ANEEL n.º 1.000/2021, in verbis: "Art. 323.
A distribuidora, no caso de faturar valores incorretos, não apresentar fatura ou faturar sem utilizar a leitura do sistema de medição nos casos em que não haja previsão nesta Resolução, sem prejuízo das penalidades cabíveis, deve observar os seguintes procedimentos: I - faturamento a menor ou ausência de faturamento: cobrar do consumidor e demais usuários as quantias não recebidas, limitando-se aos últimos 3 ciclos de faturamento imediatamente anteriores ao ciclo vigente; e (...) (sec) 1º No caso do inciso I do caput, a distribuidora deve parcelar o pagamento em número de parcelas igual ao dobro do período em que ocorreu o erro ou a ausência de faturamento, ou, por solicitação do consumidor e demais usuários, em número menor de parcelas, incluindo as parcelas nas faturas de energia elétrica subsequentes. (...) (sec) 8 o A distribuidora deve informar ao consumidor e demais usuários, por escrito, a descrição do ocorrido e os procedimentos a serem adotados para a compensação do faturamento. (...) (sec) 11.
Ao regularizar a leitura, a distribuidora deve: I - verificar o consumo total medido desde a última leitura até a regularização, e calcular o consumo médio diário neste período; II - faturar utilizando o resultado da multiplicação do consumo médio diário, obtido no inciso I, por 30 dias, com a aplicação do custo de disponibilidade disposto no art. 291; III - subtrair do consumo total medido no período os consumos faturados nos ciclos anteriores e o consumo faturado no inciso II; IV - caso o valor obtido no inciso III seja negativo, providenciar a devolução ao consumidor e demais usuários, observados os (sec)(sec) 2º a 10, aplicando sobre a diferença calculada a tarifa vigente à época do primeiro faturamento incorreto do período, utilizando a data desse faturamento como parâmetro para atualização e juros; e V - caso o valor obtido no inciso III seja positivo: a) dividir o valor apurado no inciso III pelo número de dias decorridos desde a última leitura até a leitura da regularização; e b) cobrar do consumidor e demais usuários, observado o (sec) 1º, o resultado da multiplicação do valor apurado na alínea a e o número de dias decorridos desde a última leitura até a leitura da regularização, limitado ao período de 90 dias." Muito embora existam indícios técnicos de sub-registro de consumo, por falha de responsabilidade da distribuidora, a ré não observou a Resolução Normativa nº 1.000/2021 da ANEEL.
Neste diapasão, as conclusões do laudo devem ser acatadas visto que elaborado com técnica e rigor científico, esclarecendo suficientemente os quesitos apresentados.
Outrossim, as partes não trouxeram elementos que infirmassem o laudo pericial acostado nos autos.
Observo, ademais, que a ré sequer defende a legitimidade do FAT na contestação de index 117019519, assim como não cumpriu com o ônus da impugnação especificada a respeito da alegação autoral de que estaria sendo cobrado pelo consumo faturado em outro endereço.
Além do mais, eventual irregularidade constatada na aferição realizada é risco da atividade empresarial da ré e os ônus daí decorrentes somente poderiam ser transferidos para o consumidor em face de prova de que a irregularidade foi provocada pelo próprio, o que não ocorreu no caso dos autos.
Diante disso, cabia a ré comprovar a alegação de regularidade nas medições questionadas da unidade consumidora, bem como a legitimidade do FAT o que não ocorreu no caso em tela, na forma do artigo 373, II, do CPC.
Por certo chega-se à conclusão de que houve falha na prestação do serviço e as faturas questionadas devem ser refaturadas pela média de 63 kWh/mês, inclusive as vincendas no curso da demanda, assim como seja declarada a nulidade do Acerto de Faturamento aplicado.
Neste sentido: "APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA.
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO.
ENERGIA ELÉTRICA.
LIGHT.
FATURAS DE CONSUMO EMITIDAS EM DESARMONIA COM A MÉDIA DE CONSUMO DO USUÁRIO E A CARGA INSTALADA NA RESIDÊNCIA.
A PAR DA AUSÊNCIA DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NA HIPÓTESE, A PARTE AUTORA CORROBORA SUAS ASSERTIVAS NO SENTIDO DA DEMONSTRAÇÃO DO ENVIO DE CONTAS COM FATURAMENTO DO CONSUMO POR ESTIMATIVA, COM VALORES EM MUITO SUPERIOR A SUA MÉDIA DE CONSUMO, QUANDO EXISTE MEDIDOR INSTALADO FORA DA RESIDÊNCIA DO USUÁRIO, NO ALTO DO POSTE, SEM QUALQUER POSSIBILIDADE DE ACESSO PELO CONSUMIDOR.
NESSE SENTIDO, CABERIA A CONCESSIONÁRIA RECORRENTE O ÔNUS DE COMPROVAR A REGULARIDADE DAS COBRANÇAS ENVIADAS PARA O CONSUMIDOR, O QUE NÃO OCORREU NA HIPÓTESE.
PRÁTICA ABUSIVA E ARBITRÁRIA DA RÉ AO CONDICIONAR O FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA AO PAGAMENTO DE VALORES ACIMA DA MÉDIA EFETIVAMENTE CONSUMIDA, SEM QUALQUER JUSTIFICATIVA PARA TAL, RAZÃO PELA QUAL DEVE RESPONDER PELOS PREJUÍZOS CAUSADOS AO USUÁRIO.
SITUAÇÃO QUE ULTRAPASSA OS LIMITES DO MERO ABORRECIMENTO.
DANO MORAL DE R$ 10.000,00 QUE SE AMOLDA ÀS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO, NOTADAMENTE PELA COBRANÇA DE VALORES DESARRAZOADOS.
PRECEDENTES DESTA CORTE ESTADUAL DE JUSTIÇA. (TJRJ - 0157155-63.2020.8.19.0001 - APELAÇÃO - Des(a).
HELENO RIBEIRO PEREIRA NUNES - QUINTA CÂMARA CÍVEL - JULGAMENTO: 02/03/2021)" "APELAÇÃO CÍVEL.
LIGHT.
APLICABILIDADE DO CDC.
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
ILEGALIDADE DA COBRANÇA.
FATURA DE ENERGIA INCOMPATÍVEL COM O CONSUMO DA UNIDADE IMOBILIÁRIA.
RÉ QUE NÃO PROVOU FATO IMPEDITIVO, EXTINTIVO OU MODIFICATIVO DO DIREITO AUTORAL.
REFATURAMENTO.
DANO MORAL AFASTADO. 1.
CONTROVÉRSIA QUANTO AOS VALORES COBRADOS A TÍTULO DE TARIFA DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA.
ALEGAÇÃO DE COBRANÇA POR ESTIMATIVA E POSTERIOR ACERTO POR PARTE DA LIGHT. 2.
CABE À CONCESSIONÁRIA COMPROVAR A IMPOSSIBILIDADE DE ACESSO AO MEDIDOR DE ENERGIA DO IMÓVEL, DEMONSTRANDO A LICITUDE DA COBRANÇA POR ESTIMATIVA, BEM COMO DO ACERTO DE FATURAMENTO. 3.
INFORMAÇÕES COLADAS, BEM COMO OS DOCUMENTOS ANEXADOS À PEÇA DE BLOQUEIO, NÃO POSSUEM FORÇA PROBATÓRIA, PORQUANTO PRODUZIDOS UNILATERALMENTE PELA EMPRESA. 4.
EMPRESA RÉ QUE NÃO FOI CAPAZ DE PRODUZIR PROVA IMPEDITIVA, MODIFICATIVA OU MESMO EXTINTIVA DO DIREITO ALEGADO PELO AUTOR, TAMPOUCO DE CARACTERIZAR EXCLUDENTE DE SUA RESPONSABILIDADE NA FORMA DE UMA DAS HIPÓTESES ELENCADAS NO (sec)3º DO ARTIGO 14 DA LEI Nº 8.078/90. 5.
DANO MORAL AFASTADO.
EM QUE PESE O ABORRECIMENTO EXPERIMENTADO PELA COBRANÇA SUPERIOR AO DEVIDO, VERIFICA-SE QUE NÃO HOUVE SUSPENSÃO DO SERVIÇO, NEGATIVAÇÃO DO NOME OU QUALQUER OUTRA CONSEQUÊNCIA MAIS GRAVOSA QUE PUDESSE AFETAR A PERSONALIDADE DA AUTORA, DE MODO A JUSTIFICAR UMA COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL.
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. (TJRJ - 0110833-59.2016.8.19.0054 - APELAÇÃO - DES(A).
MÔNICA DE FARIA SARDAS - VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL - JULGAMENTO: 29/08/2018)" No que concerne à devolução dos valores, importa dizer que apenas os valores efetivamente pagos pela parte autora devem ser devolvidos, porém, de forma simples. É de sabença que vigora no ordenamento jurídico a estrita obediência ao princípio da boa-fé objetiva, segundo o qual as partes devem agir com base em valores éticos e morais impostos pela sociedade, independentemente da natureza do elemento volitivo (dolo ou culpa).
Nestes termos: "DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.
HERMENÊUTICA DAS NORMAS DE PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
DEVOLUÇÃO EM DOBRO.
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC.
REQUISITO SUBJETIVO.
DOLO/MÁ-FÉ OU CULPA.
IRRELEVÂNCIA.
PREVALÊNCIA DO CRITÉRIO DA BOA-FÉ OBJETIVA.
MODULAÇÃO DE EFEITOS PARCIALMENTE APLICADA.
ART. 927, (sec) 3º, DO CPC/2015.
IDENTIFICAÇÃO DA CONTROVÉRSIA 1.
TRATA-SE DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA QUE APONTAM DISSÍDIO ENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA SEÇÕES DO STJ ACERCA DA EXEGESE DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - CDC.
A DIVERGÊNCIA REFERE-SE ESPECIFICAMENTE À NECESSIDADE DE ELEMENTO SUBJETIVO PARA FINS DE CARACTERIZAÇÃO DO DEVER DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO DA QUANTIA COBRADA INDEVIDAMENTE. 2.
EIS O DISPOSITIVO DO CDC EM QUESTÃO: "O CONSUMIDOR COBRADO EM QUANTIA INDEVIDA TEM DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO, POR VALOR IGUAL AO DOBRO DO QUE PAGOU EM EXCESSO, ACRESCIDO DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS LEGAIS, SALVO HIPÓTESE DE ENGANO JUSTIFICÁVEL" (ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, GRIFO ACRESCENTADO) [...] DIVERGÊNCIA ENTRE A PRIMEIRA SEÇÃO (DIREITO PÚBLICO) E A SEGUNDA SEÇÃO (DIREITO PRIVADO) DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 7.
PARA FINS DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - RESOLVER TESES JURÍDICAS DIVERGENTES DENTRO DO STJ -, ESTAMOS REALMENTE DIANTE DE ENTENDIMENTOS DISCREPANTES ENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA SEÇÕES NO QUE TANGE À APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC, DISPOSITIVO QUE INCIDE SOBRE TODAS AS RELAÇÕES DE CONSUMO, PRIVADAS OU PÚBLICAS, INDIVIDUAIS OU COLETIVAS. 8. "CONHECIDOS OS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, A DECISÃO A SER ADOTADA NÃO SE RESTRINGE ÀS TESES SUSCITADAS NOS ARESTOS EM CONFRONTO - RECORRIDO E PARADIGMA -, SENDO POSSÍVEL APLICAR-SE UMA TERCEIRA TESE, POIS CABE A SEÇÃO OU CORTE APLICAR O DIREITO À ESPÉCIE" (ERESP 513.608/RS, REL.
MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, DJE 27.11.2008).
NO MESMO SENTIDO: "O EXAME DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO SE RESTRINGE ÀS TESES EM CONFRONTO DO ACÓRDÃO EMBARGADO E DO ACÓRDÃO PARADIGMA ACERCA DA QUESTÃO FEDERAL CONTROVERTIDA, PODENDO SER ADOTADA UMA TERCEIRA POSIÇÃO, CASO PREVALENTE" (ERESP 475.566/PR, REL.
MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 13/9/2004).
OUTROS PRECEDENTES: ERESP 130.605/DF, REL.
MINISTRO RUY ROSADO DE AGUIAR, SEGUNDA SEÇÃO, DJ 23/4/2001; E AGRG NOS ERESP 901.919/RS, REL.
MINISTRO JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, DJE 21/9/2010 [...] TESE FINAL 28.
COM ESSAS CONSIDERAÇÕES, CONHECE-SE DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PARA, NO MÉRITO, FIXAR-SE A SEGUINTE TESE: A REPETIÇÃO EM DOBRO, PREVISTA NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC, É CABÍVEL QUANDO A COBRANÇA INDEVIDA CONSUBSTANCIAR CONDUTA CONTRÁRIA À BOA-FÉ OBJETIVA, OU SEJA, DEVE OCORRER INDEPENDENTEMENTE DA NATUREZA DO ELEMENTO VOLITIVO.
MODULAÇÃO DOS EFEITOS 29.
IMPÕE-SE MODULAR OS EFEITOS DA PRESENTE DECISÃO PARA QUE O ENTENDIMENTO AQUI FIXADO - QUANTO A INDÉBITOS NÃO DECORRENTES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO - SE APLIQUE SOMENTE A COBRANÇAS REALIZADAS APÓS A DATA DA PUBLICAÇÃO DO PRESENTE ACÓRDÃO.
RESOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 30.
NA HIPÓTESE DOS AUTOS, O ACÓRDÃO RECORRIDO FIXOU COMO REQUISITO A MÁ-FÉ, PARA FINS DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC, EM INDÉBITO DECORRENTE DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO DE TELEFONIA, O QUE ESTÁ DISSONANTE DA COMPREENSÃO AQUI FIXADA.
IMPÕE-SE A DEVOLUÇÃO EM DOBRO DO INDÉBITO.
CONCLUSÃO 31.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS. (ERESP 1.413.542/RS, REL.
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, REL.
P/ ACÓRDÃO MINISTRO HERMAN BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, JULGADO EM 21/10/2020, DJE DE 30/03/2021)." Tese final firmada pelo STJ: "A REPETIÇÃO EM DOBRO, PREVISTA NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC, É CABÍVEL QUANDO A COBRANÇA INDEVIDA CONSUBSTANCIAR CONDUTA CONTRÁRIA À BOA-FÉ OBJETIVA, OU SEJA, DEVE OCORRER INDEPENDENTEMENTE DA NATUREZA DO ELEMENTO VOLITIVO." Quanto a modulação de seus efeitos, assim restou decidido: "IMPÕE-SE MODULAR OS EFEITOS DA PRESENTE DECISÃO PARA QUE O ENTENDIMENTO AQUI FIXADO - QUANTO A INDÉBITOS NÃO DECORRENTES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO - SE APLIQUE SOMENTE A COBRANÇAS REALIZADAS APÓS A DATA DA PUBLICAÇÃO DO PRESENTE ACÓRDÃO." (Acórdão publicado no DJe em: 30/03/2021) Portanto, o STJ reconheceu ser irrelevante a natureza volitiva da conduta (se dolosa ou culposa), que deu causa à cobrança indevida contra o consumidor, para fins da devolução em dobro a que refere o parágrafo único do art. 42 do CDC, e fixou como parâmetro excludente da repetição dobrada a boa-fé objetiva do fornecedor (ônus da defesa) para apurar, no âmbito da causalidade, o engano justificável da cobrança.
Assim, pelo que consta dos autos, não restou caracterizado o comportamento contrário a honestidade, lealdade e probidade, tendo em vista que há previsão regulamentar para a cobrança perpetrada pela concessionária.
Desta forma, sua conduta é insuficiente para configurar a quebra da boa-fé objetiva que legitima a repetição do indébito na forma do art. 42, parágrafo único, parte final, do CDC e entendimento jurisprudencial acima.
No que diz respeito aos danos morais, entendo não serem devidos.
Com efeito, não há notícia de negativação do nome da autora e/ou de suspensão do fornecimento de energia elétrica no imóvel.
Embora a responsabilidade seja objetiva e na perspectiva do direito do consumidor, em que é desnecessária a demonstração da culpa do fornecedor do serviço, a responsabilidade civil pressupõe a ocorrência do fato lesivo, o dano moral ou patrimonial e o nexo causal que vincula o ilícito ao dano.
Tal responsabilidade, bem como a possibilidade de inversão do ônus da prova que favorece o consumidor, diz respeito aos serviços prestados pelo fornecedor do serviço como se extrai dos arts. 6º e 14º do CDC, porém, tais dispositivos não isentam o Autor de demonstrar o fato, os danos e o nexo causal que os vincula.
Desse modo, não obstante a vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor, não deve ele se descuidar do ônus da verossimilhança de suas alegações e atribuir toda a carga probatória à parte contrária, como pretende a ora autora, sob pena de se subverter o fim colimado pelo Codex em comento, qual seja o de proporcionar igualdade processual entre as partes.
Nesse sentido, cito a Súmula nº 330 do TJRJ: "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em juízo, notadamente o da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor do ônus de fazer, a seu encargo, prova mínima do fato constitutivo do alegado direito." Aplicável também ao caso dos autos a Súmula n.º 230 do TJRJ, in verbis: "Cobrança feita através de missivas, desacompanhada de inscrição em cadastro restritivo de crédito, não configura dano moral, nem rende ensejo à devolução em dobro." Portanto, a falha na prestação do serviço ou violação do dever legal, sem repercussões no plano da honra subjetiva e/ou objetiva, ou seja, comprovação efetiva e inconteste em sua esfera pessoal, por si só, não gera o dever de indenizar.
Nesse sentido: "ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL.
OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA.
LIGHT.
ENERGIA ELÉTRICA.
TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE.
TOI.
PARCELAMENTO EMBUTIDO NA CONTA DE CONSUMO.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
NÃO REALIZAÇÃO DE PERÍCIA.
COBRANÇA INDEVIDA.
DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO.
AUSÊNCIA DE NEGATIVAÇÃO DO NOME DA AUTORA OU DE SUSPENSÃO DO SERVIÇO.
PRECEDENTES DO C.
STJ E DESTE E.
TJRJ. 1- RELAÇÃO DE CONSUMO.
O ART. 14, CAPUT, DA LEI 8.078/90, CONSAGRA A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO FORNECEDOR, COM BASE NA TEORIA DO RISCO DE EMPREENDIMENTO, DISPENSANDO O CONSUMIDOR DA DEMONSTRAÇÃO DE CULPA, BASTANDO COMPROVAR O DEFEITO DO SERVIÇO, O DANO SOFRIDO E O NEXO DE CAUSALIDADE. 2- CONSUMIDORA QUE PRETENDE A DESCONSTITUIÇÃO DO TOI E DO PARCELAMENTO QUE FOI EMBUTIDO NA FATURA MENSAL. 3- APESAR DA LEGALIDADE QUE SE REVESTE A LAVRATURA DO TOI, REFERIDO DOCUMENTO, POR SI SÓ, NÃO CONSTITUI ELEMENTO PROBATÓRIO, COMO PRECEITUA A PRÓPRIA RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 414/2010 DA ANEEL. 4- PARTE RÉ QUE NÃO REQUEREU A PRODUÇÃO DA PROVA PERICIAL, INDISPENSÁVEL PARA AFERIR A INSTALAÇÃO ELÉTRICA DA AUTORA, O MEDIDOR, A CARGA INSTALADA NO IMÓVEL E O VALOR DA COBRANÇA. 5- DANOS MORAIS NÃO CARACTERIZADOS. 6- DANOS MORAIS NÃO CARACTERIZADOS. 7- EMBORA NÃO SE CONSIDERE LEGÍTIMA A ATITUDE DA RÉ, NÃO PODE A AUTORA ALEGAR QUE A COBRANÇA INDEVIDA DE VALORES PELA SUPOSTA IRREGULARIDADE NO MEDIDOR, LHE TENHA ENSEJADO DANOS MORAIS. 8- NÃO SE VERIFICA NOS AUTOS QUE A SITUAÇÃO TENHA REPERCUTIDO NEGATIVAMENTE NA ESFERA MORAL DA AUTORA, OU QUALQUER ABORRECIMENTO QUE SUPERE ÀQUELES QUE, DE UMA FORMA OU DE OUTRA, ESTÃO PRESENTES NO COTIDIANO DO HOMEM MÉDIO. 9- OS DANOS MORAIS SÃO LESÕES SOFRIDAS PELA PESSOA, ATINGINDO NÃO SÓ O SEU PATRIMÔNIO, MAS, TAMBÉM, OS ASPECTOS ÍNTIMOS DE SUA PERSONALIDADE, SENDO UM DOS EXEMPLOS DE FATOS VIOLADORES DA DIGNIDADE HUMANA. 10- DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. (TJRJ - 0014149-02.2018.8.19.0087 - APELAÇÃO - DES(A).
TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES - JULGAMENTO: 26/08/2021 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL)" "APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA.
RELAÇÃO DE CONSUMO.
LIGHT.
ALEGAÇÃO AUTORAL DE COBRANÇA MUITO ACIMA DE SUA MÉDIA DE CONSUMO REFERENTE AOS MESES DE JANEIRO A MARÇO DE 2018.
REALIZADA A PERÍCIA, RESTOU CONSTATADO O REFATURAMENTO DAS CONTAS IMPUGNADAS, COM O DESCONTO DECORRENTE DA INCIDÊNCIA DA TARIFA SOCIAL.
SENTENÇA QUE EXTINGUIU O FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO EM RELAÇÃO AOS PEDIDOS DE REFATURAMENTO DAS CONTAS E INCLUSÃO DA AUTORA COMO BENEFICIÁRIA DE TARIFA SOCIAL; E JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANO MORAL.
RECURSO DA AUTORA.
PRETENSÃO DE REFORMA DA SENTENÇA PARA VER FIXADA VERBA INDENIZATÓRIA A TÍTULO DE DANO EXTRAPATRIMONIAL, NO VALOR DE R$10.000,00.
IRRESIGNAÇÃO QUE NÃO MERECE AMPARO.
MUITO EMBORA A AUTORA TENHA EXPERIMENTADO SITUAÇÃO DE ABORRECIMENTO, NÃO RESTOU CONFIGURADA OFENSA A SUA HONRA SUBJETIVA.
NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO, SENTENÇA MANTIDA. (TJRJ - 0006813-84.2018.8.19.0203 - APELAÇÃO - DES(A).
MARCOS ANDRE CHUT - JULGAMENTO: 03/08/2021 - VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL)" "AÇÃO OBJETIVANDO O REFATURAMENTO DAS COBRANÇAS DE ENERGIA ELÉTRICA, BEM COMO O PAGAMENTO DE VERBA A TÍTULO DE DANOS MORAIS.
A QUESTÃO VERSA RELAÇÃO DE CONSUMO, TENDO EM VISTA QUE O AUTOR É DESTINATÁRIO FINAL DO FORNECIMENTO EFETUADO PELA LIGHT, APLICANDO-SE O ARTIGO 5º, INCISO XXXII DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS ARTIGOS 14 E 22 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
CONJUNTO PROBATÓRIO ACOSTADO AOS AUTOS QUE REVELA QUE OS VALORES COBRADOS NAS FATURAS, OBJETO DA PRESENTE LIDE, DESTOAM DE FORMA EXORBITANTE DA MÉDIA DO CONSUMO DO AUTOR - ASSIM, CORRETA A DETERMINAÇÃO DE REFATURAMENTO DAS CONTAS.
A MERA COBRANÇA INDEVIDA NÃO GERA, POR SI SÓ, DANOS MORAIS, VISTO QUE NÃO HOUVE FATO SUFICIENTE PARA CAUSAR OFENSA À HONRA OBJETIVA DO CONSUMIDOR.
VERBETES SUMULARES Nº 75 E Nº 230 DO TJRJ.
SENTENÇA MANTIDA.
DESPROVIMENTO DAS APELAÇÕES. (TJRJ - 0046784- 16.2013.8.19.0021 - APELAÇÃO.
DES(A).
CAMILO RIBEIRO RULIERE - JULGAMENTO: 14/08/2018 - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL)" Por fim, conforme demonstrado acima, estão presentes mais que a probabilidade do direito alegado, pois se reconheceu, em juízo de cognição exauriente, a própria existência do direito da parte autora.
Frisa-se que a urgência na efetivação do direito também é evidente, diante da essencialidade do serviço prestado pela ré.
Portanto, com base em um juízo de certeza, presentes os requisitos do art. 300 do CPC, cabendo a antecipação da tutela requerida.
Assim, considerando os fundamentos supra DEFIRO a tutela antecipada para determinar que a ré se abstenha de interromper o fornecimento de energia na residência do autor, assim como suspenda a exigibilidade da cobrança referente a novembro/2023, inclusive as vincendas no curso do processo, emitidas acima da média de consumo da parte autora.
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES EM PARTE OS PEDIDOSpara ratificar a tutela de urgência ora deferida; declarar a nulidade do Acerto de Faturamento no valor de entrada de R$ 276,92, seguido de 22 parcelas de R$ 22,32; condenar a ré no refaturamento da fatura de 11/2023 a 02/2024 pela média de 63 kWh/mês, bem como as vencidas no curso da demanda emitidas acima da referida média, no prazo de 15 (quinze) dias, comprovando nos autos; condenar a ré devolver ao autor, na forma simples, os valores efetivamente pagos a mais referentes às faturas de novembro/2023 a fevereiro/2024, bem como as vencidas no curso da demanda, devidamente atualizados a contar do desembolso e acrescido de juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação, a ser apurado em liquidação de sentença e, JULGO IMPROCEDENTEo pedido indenizatório por dano moral.
Condeno o autor em 30% (trinta por cento) das custas judiciais, taxa judiciária e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) do pedido indenizatório.
Condenação esta sobrestada por se tratar de beneficiária da justiça gratuita, conforme mandamento legal do (sec)3º do art. 98 do CPC.
Condeno a ré em 70% (setenta por cento) das custas judiciais, taxa judiciária e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) do valor da condenação.
P.
I.
Transitada em julgado, aguarde-se iniciativa das partes.
RIO DE JANEIRO, 15 de agosto de 2025.
VANIA MARA NASCIMENTO GONCALVES Juiz Titular -
15/08/2025 18:18
Expedição de Outros documentos.
-
15/08/2025 18:18
Julgado procedente em parte do pedido
-
15/08/2025 17:37
Conclusos ao Juiz
-
17/07/2025 16:20
Expedição de Certidão.
-
17/07/2025 15:32
Expedição de Ofício.
-
16/07/2025 15:52
Juntada de Petição de petição
-
15/07/2025 10:14
Juntada de Petição de petição
-
11/07/2025 00:20
Publicado Intimação em 10/07/2025.
-
11/07/2025 00:20
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 09/07/2025
-
09/07/2025 00:00
Intimação
Oficie-se como requerito pelo perito.
As partes sobre o laudo.
Prazo 15 dias. -
08/07/2025 11:37
Expedição de Outros documentos.
-
08/07/2025 11:37
Proferido despacho de mero expediente
-
08/07/2025 11:36
Conclusos ao Juiz
-
20/06/2025 20:46
Juntada de Petição de petição
-
11/06/2025 18:45
Expedição de Outros documentos.
-
11/06/2025 18:15
Proferido despacho de mero expediente
-
11/06/2025 18:15
Conclusos ao Juiz
-
24/04/2025 19:30
Juntada de Petição de petição
-
25/03/2025 17:57
Juntada de Petição de petição
-
18/03/2025 00:41
Publicado Intimação em 18/03/2025.
-
18/03/2025 00:41
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 17/03/2025
-
15/03/2025 15:56
Expedição de Outros documentos.
-
15/03/2025 15:56
Proferido despacho de mero expediente
-
14/03/2025 19:04
Conclusos para despacho
-
13/03/2025 02:06
Juntada de Petição de petição
-
12/03/2025 16:29
Expedição de Certidão.
-
12/03/2025 00:18
Publicado Intimação em 12/03/2025.
-
12/03/2025 00:18
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 11/03/2025
-
11/03/2025 16:08
Expedição de Certidão.
-
11/03/2025 14:03
Juntada de Certidão
-
10/03/2025 19:04
Expedição de Outros documentos.
-
10/03/2025 19:04
Decisão de Saneamento e de Organização do Processo
-
10/03/2025 18:45
Conclusos para decisão
-
14/11/2024 21:13
Juntada de Petição de petição
-
13/11/2024 00:40
Decorrido prazo de WALLACE MOTA DE SOUZA em 12/11/2024 23:59.
-
06/11/2024 00:40
Decorrido prazo de GUSTAVO ANTONIO FERES PAIXAO em 05/11/2024 23:59.
-
05/11/2024 14:47
Juntada de Petição de petição
-
25/10/2024 18:01
Expedição de Outros documentos.
-
25/10/2024 18:01
Expedição de Outros documentos.
-
24/10/2024 14:56
Proferido despacho de mero expediente
-
17/10/2024 18:12
Conclusos ao Juiz
-
24/08/2024 20:32
Juntada de Petição de petição
-
21/08/2024 14:05
Proferido despacho de mero expediente
-
21/08/2024 13:21
Conclusos ao Juiz
-
12/08/2024 17:25
Expedição de Certidão.
-
16/07/2024 00:42
Decorrido prazo de WALLACE MOTA DE SOUZA em 15/07/2024 23:59.
-
05/07/2024 00:05
Decorrido prazo de GUSTAVO ANTONIO FERES PAIXAO em 04/07/2024 23:59.
-
04/07/2024 11:52
Juntada de Petição de petição
-
26/06/2024 23:36
Expedição de Outros documentos.
-
26/06/2024 23:36
Expedição de Outros documentos.
-
24/06/2024 18:02
Proferido despacho de mero expediente
-
24/06/2024 16:57
Conclusos ao Juiz
-
21/06/2024 15:01
Redistribuído por sorteio em razão de incompetência
-
21/06/2024 14:12
Expedição de Certidão.
-
29/05/2024 14:41
Juntada de Petição de petição
-
17/05/2024 03:26
Decorrido prazo de LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S.A. em 16/05/2024 23:59.
-
15/05/2024 16:00
Ato ordinatório praticado
-
08/05/2024 15:16
Juntada de Petição de contestação
-
12/04/2024 16:18
Expedição de Outros documentos.
-
05/03/2024 01:06
Publicado Intimação em 05/03/2024.
-
05/03/2024 01:06
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 04/03/2024
-
01/03/2024 17:37
Expedição de Outros documentos.
-
01/03/2024 17:37
Não Concedida a Antecipação de tutela
-
29/02/2024 15:08
Conclusos ao Juiz
-
20/02/2024 09:47
Juntada de Petição de petição
-
24/01/2024 17:04
Expedição de Certidão.
-
23/01/2024 23:15
Distribuído por sorteio
-
23/01/2024 23:15
Juntada de Petição de documento de identificação
-
23/01/2024 23:15
Juntada de Petição de procuração
-
23/01/2024 23:14
Juntada de Petição de outros anexos
-
23/01/2024 23:13
Juntada de Petição de outros anexos
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
21/06/2024
Ultima Atualização
27/09/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Sentença • Arquivo
Sentença • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
Informações relacionadas
Processo nº 0802515-89.2025.8.19.0067
Sebastiao Izidro da Silva
Light Servicos de Eletricidade SA
Advogado: Josiany Silveira dos Santos
1ª instância - TJRJ
Ajuizamento: 02/04/2025 20:29
Processo nº 0801813-02.2025.8.19.0211
Santander Brasil Administradora de Conso...
Bruno de Souza Vicente
Advogado: Pedro Roberto Romao
1ª instância - TJRJ
Ajuizamento: 17/02/2025 15:55
Processo nº 0802871-19.2022.8.19.0058
Banco Itau S/A
Michelle Monteiro de Moraes Santos
Advogado: Daniel Figueiredo Ramos
1ª instância - TJRJ
Ajuizamento: 26/09/2022 11:44
Processo nº 0811027-44.2022.8.19.0042
Banco Bradesco Financiamento S.A.
Josue dos Santos Benedito
Advogado: Adriano Santos de Almeida
1ª instância - TJRJ
Ajuizamento: 05/12/2022 10:06
Processo nº 3001632-95.2025.8.19.0012
Municipio de Cachoeiras de Macacu
Flavia Dryelle Gaspar Justino
Advogado: Marcelo Malicia Giglio
1ª instância - TJRJ
Ajuizamento: 30/11/-0001 00:00