TRF1 - 1050676-75.2025.4.01.3400
1ª instância - 9ª Brasilia
Polo Ativo
Polo Passivo
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Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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22/05/2025 00:00
Intimação
Seção Judiciária do Distrito Federal 9ª Vara Federal Cível da SJDF PROCESSO Nº 1050676-75.2025.4.01.3400 DECISÃO Trata-se de pedido de tutela de urgência em ação pelo procedimento comum ajuizada por LUDENBERG MARQUES BRITO REIS em face de UNIÃO FEDERAL e CEBRASPE, objetivando, em suma: “seja, com extrema urgência, concedida a antecipação dos efeitos da tutela, inaudita altera pars, para o fim de: b.1) suspender os efeitos do ato administrativo que não considerou o Autor como pessoa com deficiência, determinando o seu imediato enquadramento nesta condição e inclusão no resultado final, determinando a reserva de sua vaga, dentro da classificação obtida, para nomeação posterior; b.2) Em sendo a tutela deferida, requer que a própria decisão sirva de mandado judicial, caso não haja tempo hábil para a expedição de mandado, inclusive podendo ser enviada por meios eletrônicos para as Requeridas.
Em caso de deferimento, requer seja estipulada multa diária, em caso de descumprimento.”.
Relata a parte autora que participou do concurso público unificado da Justiça Eleitoral, concorrendo às vagas destinadas às pessoas com deficiência – PCD.
Alega que inicialmente, logrou êxito em todas as fases do concurso, sendo convocada para a etapa de avaliação biopsicossocial, fase na qual foi considerada inapta para ocupar as vagas reservadas, por não ter sido considerado pessoa com deficiência.
Afirma que já foi aprovado como PCD em diversos certames públicos, e que foi nomeado nas vagas reservadas às pessoas com deficiência no cargo que ocupa atualmente (técnico Judiciário).
Pugnou pelo benefício da Justiça Gratuita.
Vieram os autos conclusos para decisão.
Inicialmente, defiro o pedido de Gratuidade de Justiça.
Anote-se.
A concessão da tutela de urgência depende da presença simultânea de três requisitos: (I) a probabilidade do direito alegado; (II) o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo; e (III) a ausência de perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão, conforme Interpretação do art. 300 do Código de Processo Civil.
No presente caso, verifico a presença dos requisitos autorizadores da medida.
Requer a parte autora que este juízo determine sua reintegração ao certame como cotista PCD, determinando o seu imediato enquadramento nesta condição e inclusão no resultado final, e ainda, que se determine a reserva de sua vaga no certame.
Com efeito, analisando-se os documentos juntados pela autora, verifico que de fato, há farta comprovação de sua condição de pessoa com deficiência, por meio de laudos médicos e exames, bem como consta nos autos as diversas aprovações e nomeações da parte em outros concursos, na condição de pessoa com deficiência.
Além disso, considerando-se ainda a condição/limitação da autora, pelos laudos médicos apresentados, infere-se não se tratar de condição transitória, mas permanente.
Vejamos a descrição contida no laudo médico de id 2187619146, datado de 2025: “Apresenta deficiência física devido a lesão crónica e irreversível no tornozelo esquerdo, de cid10 m191, que gera limitação importante para realização de atividades físicas, atividades que exijam esforço no tornozelo e atividades que exijam longos períodos em pé.
Apresenta restrição de dorsiflexão do tornozelo e limitação leve de flexão flantar.
CID* M191”.
Diante disso, não se afigura razoável que tal condição seja desconsiderada em um certame público para fins de provimento de cargo destinado a pessoas com deficiência, pois uma vez comprovada a condição do candidato, não há que se falar em análise subjetiva da deficiência pela banca examinadora, considerando a existência de requisitos objetivos legalmente impostos, que devem ser observados pela banca de forma obrigatória na etapa de avaliação biopsicossocial.
Vejamos jurisprudência a respeito de tema correlato: ADMINISTRATIVO.
CONCURSO PÚBLICO.
EXCLUSIVO PARA CANDIDATOS COM DEFICIÊNCIA.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
TÉCNICO BANCÁRIO.
CANDIDATO COM DEFICIÊNCIA.
AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR.
LAUDO MÉDICO.
SUPOSTA INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO EDITAL.
ELIMINAÇÃO DO CANDIDATO.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE.
EXCESSO DE FORMALISMO.
DEFICIÊNCIA DEMONSTRADA.
SENTENÇA REFORMADA. 1.
Apelação interposta pela parte autora contra sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial, a fim de que fosse restabelecida a sua inscrição como candidato portador de deficiência, bem como fosse garantida a volta ao certame e, em ocorrendo nomeações, fosse nomeado de acordo com a sua ordem legal de classificação no cargo público respectivo Técnico Bancário Novo, Macropolo de Manaus/Amazonas. 2.
Hipótese em que o candidato em concurso público, deficiente físico (amputação traumática de membro inferior), foi eliminado pela banca examinadora ao entendimento de que o laudo médico apresentado não observou os requisitos previstos no edital. 2.
Quanto ao exame dos documentos exigidos no edital e quanto à avaliação destes pela Banca Examinadora, a intervenção jurisdicional somente se legitima naqueles casos em que o equívoco alegado revelar-se flagrante, sob pena de indevida substituição da banca pelo julgador. 3.
O art. 4º, do Decreto nº 3.298/99, com a redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004, dispõe que: É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: (...) I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. 4.
A avaliação da documentação apresentada pelos candidatos que optam por concorrer às vagas destinadas à pessoa com deficiência deve ser realizada com objetivo de validar ou não a existência da deficiência aduzida.
A deficiência física e permanente da parte autora foi devidamente comprovada pelo laudo médico apresentado, ainda que o médico subscritor não tenha consignado a CID ou que o documento seja datado de 2011, pois a sua condição não se modificou ao longo dos anos e não se modificará, mesmo que use prótese. 5.
O não reconhecimento da deficiência da parte autora, ao argumento de que os documentos apresentados não atenderiam aos requisitos constantes dos Edital, constitui rigor excessivo que se divorcia do princípio da razoabilidade, impossibilitando que a Administração atinja o objetivo precípuo do certame, que é selecionar o candidato mais habilitado ao exercício do cargo público disputado. 6.
Apelação a que se dá provimento para reconhecer a validade do laudo médico apresentado para fins de avaliação de deficiência física, bem como para determinar que a parte ré adote as providências para reincluir o autor no rol dos candidatos classificados e, respeitada a ordem de classificação, proceder a sua nomeação e posse no cargo público Técnico Bancário Novo da CAIXA, Macropolo de Manaus/Amazonas. 7.
Invertidos os ônus da sucumbência. (AC 1005112-96.2022.4.01.3200, DESEMBARGADORA FEDERAL KÁTIA BALBINO, TRF1 - SEXTA TURMA, PJe 19/12/2023 PAG.) Em suma, não obstante a jurisprudência pátria tenha firmado o entendimento de que, em concurso público, não cabe ao Poder Judiciário substituir a banca examinadora para rever critérios de seleção e avaliação, caberá ao Judiciário, contudo, manifestar-se acerca da legalidade/ilegalidade do certame ou da eliminação de determinado candidato, tal qual o caso dos presentes autos.
Ante o exposto, DEFIRO o pedido de liminar e DETERMINO às requeridas a imediata reintegração do autor LUDENBERG MARQUES BRITO REIS à lista de aprovados concorrentes às vagas destinadas às Pessoas com Deficiência – PCD, no concurso regido pelo EDITAL Nº 1 – CPNUJE, DE 27 DE MAIO DE 2024, com a consequente convocação para participar de todas as etapas subsequentes (caso existam) procedendo-se à sua inclusão no resultado final, respeitada a ordem classificatória dos demais candidatos, caso não haja outras razões para a exclusão da autora do certame, sob pena de multa diária a ser estipulada por este juízo.
Deixo de determinar a reserva de vaga em favor do autor, considerando que conforme as informações trazidas aos autos, o autor foi aprovado em cadastro de reserva, e a reserva de vaga somente faz sentido diante da existência concomitante de dois requisitos: a comprovação de que foram ofertadas vagas no edital para o cargo pretendido, e que o candidato comprove que de fato tenha atingido pontuação suficiente para figurar dentro das vagas ofertadas no edital.
No presente caso, a parte autora não comprova que obteve nota suficiente para figurar entre as vagas ofertadas no edital para provimento imediato, razão pela qual o pedido de reserva de vaga se mostra desprovido de lógica.
Intime-se a parte requerida para ciência e cumprimento da presente decisão.
Citem-se.
Deverá a parte ré, no prazo de resposta, apresentar todos os documentos destinados a comprovar suas alegações (art. 434 do CPC) e especificar as provas que pretende produzir, justificando sua utilidade e necessidade e indicando as questões de fato que cada uma das provas requeridas visa a esclarecer (art. 336 do CPC).
Decorrido o prazo de resposta, sem manifestação, intime-se a demandante para se manifestar sobre a eventual ocorrência dos efeitos da revelia e especificar as provas que pretende produzir, no prazo de cinco dias (art. 348 do CPC).
Apresentada a resposta, intime-se a parte autora para apresentar réplica, no prazo de 15 dias, e especificar as provas que pretende produzir, justificando sua utilidade e necessidade e indicando as questões de fato que cada uma das provas requeridas visa a esclarecer (arts. 350 e 351 do CPC).
Caso haja pedido de produção de provas de forma específica, tornem os autos conclusos para decisão.
Findo o prazo acima sem manifestação, ou em caso de não haver pedido de produção de provas, venham-me os autos conclusos para julgamento.
Brasília/DF, na data da certificação digital. (Assinado digitalmente) -
20/05/2025 12:08
Recebido pelo Distribuidor
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20/05/2025 12:08
Autos incluídos no Juízo 100% Digital
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20/05/2025 12:08
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
20/05/2025
Ultima Atualização
22/05/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Ato ordinatório • Arquivo
Decisão • Arquivo
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